O cálculo do OEE, ou Overall Equipment Effectiveness, é muito importante para medir a produtividade e a eficiência de equipamentos usados na indústria.
São características que sempre foram fundamentais no setor, mas que precisam ser aprimoradas mais do que nunca.
Afinal, vivemos um momento no qual o mercado tem cada vez mais concorrência – e a tecnologia avança em alta velocidade.
Com a globalização acelerada, as indústrias enfrentam concorrência de empresas de todos os cantos do mundo.
Nesse universo, há companhias que chegaram a graus tão altos de eficiência que seus produtos têm melhor custo-benefício para os consumidores mesmo com os custos da logística internacional impactando o preço final.
Diante dessa realidade, não há outra opção que não procurar igualar ou, de preferência, superar esses níveis de eficiência.
Desse modo, sobrevivem à concorrência externa e, quem sabe, ainda conseguem conquistar clientes no além-mar.
O que tudo isso tem a ver com o OEE? Não é difícil entender.
Calculá-lo é uma das práticas fundamentais para as empresas que se preocupam com o aumento da produtividade.
Esse tipo de acompanhamento, é bom deixar claro, deve estar inserido em um conjunto de processos que visam a melhoria contínua.
Ou seja, não deve ser uma preocupação esporádica, e sim permanente.
O melhor caminho para isso é aliar atividades como o cálculo do OEE com a promoção de uma cultura organizacional em que todos os gestores e colaboradores se preocupam diariamente com a produtividade, eficiência e qualidade da empresa.
E nada mais justo, já que isso ajuda a competir com os concorrentes, como ressaltamos antes. Mas sem esquecer que o objetivo principal vai ser sempre a satisfação do cliente.
Depois dessa introdução, que tal entender finalmente o que OEE, quais seus benefícios e particularidades e como fazer o cálculo?
É o que vamos tratar com detalhes ao longo deste artigo.
Se o tema interessa, siga em frente!
O que Significa OEE – “Overall Equipment Efficiency”
OEE é um indicador que mede a efetividade global de um equipamento, ou seja, qual o resultado qualitativo e quantitativo de sua produção na comparação com sua capacidade total de produção.
O termo é uma sigla para Overall Equipment Efficiency, que quer dizer Eficiência Geral do Equipamento.
É um indicador muito usado na indústria de transformação, que produz mercadorias em massa e, portanto, precisa de máquinas eficientes em sua linha de produção.
Para medir quanto valor um equipamento agrega à linha de montagem, o cálculo do OEE leva em consideração a disponibilidade, a performance e o índice de qualidade para chegar ao resultado do indicador.
Durante o tempo no qual o equipamento estiver programado para funcionar, o OEE identifica qual o percentual em que ele foi realmente produtivo, levando em conta esses três fatores.
O indicador é uma ferramenta tradicional do programa Total Productive Maintenance (TPM), ou Manutenção Produtiva Total, um sistema desenvolvido pelo Japan Institute of Plant Maintenance (Instituto Japonês de Manutenção de Fábricas) para reduzir perdas e paradas na produção industrial, diminuindo os custos.
São ideias que estão totalmente alinhadas com outro sistema criado por japoneses, o Sistema Toyota de Produção, cujos conceitos originaram o que chamamos hoje de Lean Manufacturing.
Mais que uma metodologia, o Lean Manufacturing é praticamente uma filosofia, na qual a cultura organizacional da empresa é transformada para fomentar uma mentalidade de melhoria contínua nos processos e de redução de desperdícios no sistema de produção.
Tudo a ver, portanto, com o OEE.
Afinal, um equipamento que opera muito abaixo de sua capacidade representa, sem dúvida alguma, um desperdício para a fábrica, e um risco para a qualidade final do produto.
Quais os Benefícios do OEE?
O grande benefício de fazer o cálculo do OEE está no aumento na produtividade da empresa.
Isso permite gerar valor com menos custos de produção, garantindo uma maior margem de manobra na precificação dos produtos ou, então, uma margem de lucro mais elevada.
Toda e qualquer empresa busca melhorar seus índices de produtividade, porque isso vai sempre significar um uso mais inteligente dos recursos disponíveis – e sem perda na qualidade.
Com o cálculo do OEE, o desejo de aumentar a produtividade sai do campo das ideias e vai para o das ações.
Ao medir o indicador em todos os equipamentos, é possível traçar médias, desvios padrões e metas, sempre respeitando o contexto da empresa em questão.
O cálculo da Eficiência Geral do Equipamento torna essa avaliação, portanto, mais objetiva.
Não é que o gestor olha para a planilha e sente que há alguma coisa estranha em tal máquina.
Em vez de depender dessa intuição, os números informam logo de cara qual o nível de produtividade e qualidade que o equipamento está entregando, comparado com a sua capacidade total e com o que entregam os demais equipamentos.
Lembre-se do que falamos no início deste texto: vivemos tempos voláteis e estamos inseridos em um mercado mais competitivo que nunca.
Nesse contexto, ter clareza nas informações sobre a produtividade e apoiar a tomada de decisão em dados é fundamental.
O aumento na produtividade também passa pela redução nos desperdícios da produção uma prática que a Toyota já ensinou, há muito tempo, e que traz grandes resultados.
Por que Calcular o OEE – Eficiência Geral de Equipamentos
Ainda tem dúvidas sobre a razão de existir do OEE?
Talvez é porque você não saiba o que fazer com o resultado do indicador, o que é natural.
Então, vamos ajudar.
Depois que ele é calculado, quais são os próximos passos?
O que acontece é que, sabendo objetivamente se a máquina está funcionando perfeitamente ou se a sua eficiência está baixa, fica mais fácil concluir se é necessário algum tipo de manutenção ou ou até mesmo a troca do equipamento.
A partir do resultado do indicador, é necessário trabalhar em cima das hipóteses, isto é, procurar entender quais os motivos que fizeram a produtividade do equipamento diminuir.
É porque a máquina ficou parada por muito tempo?
Ou porque teve um acúmulo de pequenas paradas?
Quem sabe, porque produziu muitos itens defeituosos?
As respostas para essas perguntas permite entender a origem do problema para avaliar quais ações devem ser tomadas para reduzir as perdas na produção.
Essas ações podem ser uma simples limpeza, lubrificação, manutenção preventiva, manutenção autônoma, inspeção por ultrassom, troca de peças…
Enfim, vai depender muito das particularidades do equipamento em questão.
Um dos aspectos mais interessantes do OEE é que ele pode ser monitorado em tempo real e exibido em telas espalhadas pela fábrica.
Para facilitar a visualização qualitativa, podem ser usadas cores:
- Verde para indicadores positivos, acima da meta
- Amarelo para aqueles que devem melhorar, mas não estão tão ruins
- Vermelho para os números que estão bem abaixo e exigem atenção imediata.
É possível incluir outras cores, conforme o gestor de qualidade achar melhor para visualizar o status da eficiência das máquinas.
Por exemplo: a cor azul indica equipamentos com velocidade reduzida devido ou acúmulo de pequenas paradas.
Além de servir como um alerta que indica a necessidade de arrumar ou trocar de equipamento, esse tipo de recurso cria uma competição saudável dentro da empresa, porque os responsáveis por cada máquina vão se esforçar ao máximo para que seus números – visíveis a todos – sejam os maiores possível.
Como Calcular o Índice Geral de Eficiência dos Equipamentos na Empresa
Como você já deve saber, um indicador é um número composto por duas ou mais métricas.
Métrica é um número bruto, enquanto o indicador busca combinar as informações contidas nas métricas para chegar a certas conclusões.
Na realidade, o indicador também pode ser construído a partir da combinação entre outros indicadores. Ou seja, um mesmo número pode agregar dezenas de métricas.
No caso do OEE, esse é um indicador cujo objetivo, como já vimos, é monitorar o grau de produtividade dos equipamentos em uma fábrica.
Para calculá-lo, são utilizados números de três fontes: disponibilidade, performance e qualidade.
A seguir, vamos explicar o que cada um quer dizer e como calculá-los.
Disponibilidade
A disponibilidade é um indicador que, como o próprio nome já dá a entender, considera o período no qual os equipamentos estão disponíveis para a produção.
Assim, quanto mais eventos que param a linha de produção acontecerem, maior a indisponibilidade dos equipamentos. Ou seja, menor será o indicador de disponibilidade, o que causará um impacto negativo no cálculo do OEE.
Do tempo total programado para determinado processo de produção envolvendo um equipamento, é chamado de tempo operacional o período que compreende a produção propriamente dita e também as paradas planejadas.
Por sua vez, downtime é como se chamam as paradas não esperadas.
Essas paradas podem acontecer por diversos motivos, como setup das máquinas, falta de materiais, falhas mecânicas ou de configuração, quebra, etc.
Vamos imaginar um exemplo para facilitar o entendimento.
Pense em uma máquina seladora, que tem como função concluir a embalagem de determinado produto.
Vamos supor que ela esteja programada para trabalhar 12 horas por dia.
Durante esse período, há uma parada planejada de 20 minutos, para a troca de turno dos operadores.
Agora imagine que, no meio do período operacional programado, a máquina ficou fora de funcionamento por uma hora por uma falha que exigiu a troca de uma peça do equipamento.
A partir dessas premissas, o tempo programado será calculado a partir do número de horas operacionais planejadas, multiplicado por 60 (para chegar ao número de minutos), menos os 20 minutos de pausa planejados.
Fica assim:
- Tempo programado = (12 x 60) – 20 = 700 minutos.
Já o tempo disponível para a produção será esse resultado menos o tempo que a máquina ficou parada para manutenção (60 minutos), ou seja, 640 minutos.
- Tempo disponível para a produção = 700 – 60 = 640 minutos
A partir daí, o indicador de disponibilidade é simplesmente o tempo disponível para a produção dividido pelo tempo programado e transformado em percentual.
Fica assim:
- Disponibilidade = 640 / 700 = 0,91 = 91%.
Performance
A performance, por sua vez, é um indicador que informa qual a produção de um equipamento em relação à sua capacidade produtiva total. Ou seja, comparando com o número de itens que ele foi desenvolvido para produzir.
Quando uma máquina é projetada, são feitos testes para confirmar qual é a sua capacidade produtiva.
Acontece que nem sempre o equipamento vai operar a 100% dessa capacidade.
Caso seja utilizada uma matéria-prima diferente daquela projetada inicialmente, ou se a máquina for utilizada por um operador inexperiente ou mal treinado, por exemplo, a performance do equipamento é reduzida.
O cálculo do indicador de performance é muito simples.
Ele parte do indicador de disponibilidade, ou seja, só serão considerados os minutos em que o equipamento estava em operação, obviamente, e não os momentos de paradas, sejam elas programadas ou não.
Então, vamos retomar o exemplo do item anterior, no qual o equipamento ficou disponível para operação por 640 minutos em um dia.
Para calcular qual a performance da máquina durante esse período, é preciso ter outros dois números: qual a performance para a qual ela foi projetada e quantos itens foram produzidos ao fim do dia que está sendo analisado.
Vamos imaginar que nosso equipamento hipotético, a máquina seladora, é projetada para selar 1 produto a cada 6 segundos. Nesse caso, são 10 itens selados por minuto.
Agora, imaginemos que, no dia de trabalho que a máquina esteve em operação, ela selou 5.800 itens. O cálculo que deve ser feito agora é quantos minutos demoraria para selar esses 5,8 mil itens com 100% de performance.
É simples: basta multiplicar 5.800 pelo número de minutos que cada item é selado (0,10). O cálculo fica assim:
- 5.800 x 0,10, = 580 minutos.
A partir daí, para chegar ao indicador de performance, basta dividir esse total de minutos pelo número de minutos que a máquina esteve em operação no dia.
Fica assim:
- Performance = 580 / 640 = 0,90 = 90%.
Qualidade
O terceiro aspecto a ser considerado para calcular o OEE é a qualidade, que é a expectativa de que todos os itens produzidos estejam dentro dos padrões estabelecidos para a tarefa em questão.
Para fazer o cálculo, basta relacionar o número de itens produzidos no dia com a quantidade de itens defeituosos.
Retornando ao exemplo da máquina seladora, vamos supor que, das 5.800 mercadorias que ela selou naquele dia específico, em 250 itens tenha havido algum problema.
O cálculo é o seguinte:
- Qualidade = (5800 – 350) / 5800 = 0,94 = 94%.
Passo a Passo para Calcular o OEE
Tendo os três indicadores cujo cálculo acabamos de explicar, fica muito fácil chegar ao OEE, o indicador de Eficiência Geral do Equipamento.
Os passos são os seguintes:
- Calcular o indicador de disponibilidade
- Calcular o indicador de performance
- Calcular o indicador de qualidade
- Multiplicar os três indicadores.
Relembrando os resultados dos exemplos que apresentamos aqui, da máquina seladora:
- Indicador de disponibilidade: 91%
- Indicador de performance: 90%
- Indicador de qualidade: 94%
Sendo assim, o cálculo fica:
- OEE = 91% x 90% x 94% = 77%.
Valores do Índice, World Class OEE e o que Fazer para Melhorar
Depois de acompanhar os exemplos, fazer o cálculo do OEE na sua empresa e encontrar seus percentuais, resta uma dúvida bastante óbvia: afinal, um OEE de 77%, por exemplo, é ou não é um bom indicador?
A resposta, infelizmente, é subjetiva: depende.
Em primeiro lugar, você não deve medir o OEE uma única vez e considerar seu número isolado como definitivo.
Enquanto método, o correto é monitorar disponibilidade, performance e qualidade em diferentes oportunidades ao longo de um período. Por exemplo, durante quatro semanas.
Os dados obtidos poderão ser dispostos em um gráfico, para facilitar a visualização.
Com os valores do índice dispostos nele, você acompanha se houve mudança positiva ou negativa entre uma medição e outra.
Também deve calcular a média do período, o que depende uma operação simples. Por exemplo, se você registrou um OEE de 77% na primeira semana, 83% na segunda, 88% na terceira e 80% na quarta, a média será de 82%.
Neste momento, você já tem um indicador mais confiável.
Ainda assim, falta alguma coisa, certo?
Precisamos de um benchmark, de dados do mercado que sirvam como comparativo para atestar se o seu OEE está na média, abaixo ou acima dela.
É aí que entra em cena o World Class OEE (ou OEE Classe Mundial).
Nada mais é do que um índice de referência, largamente utilizado nas indústrias como medidor da eficiência de seus equipamentos.
A sua meta, então, é atingir um OEE de 85%. Para tanto, depende dos seguintes índices de classe mundial:
- Disponibilidade: 90%
- Performance: 95%
- Qualidade: 99,9%.
Se o seu equipamento atinge esses percentuais, ele é um equipamento de classe mundial.
Mas, atenção: o “selo” de classe mundial só se aplica quando os valores de referência são alcançados ou superados nos três indicadores.
E o que fazer se o seu OEE fica abaixo?
Primeiramente, você tem um desafio cultural pela frente. Ou seja, a empresa precisa comprar a ideia de que esse é um indicador realmente importante.
Se ela já desenvolve processos de gestão da qualidade e melhoria contínua, essa é uma etapa que não gera qualquer dor de cabeça.
De qualquer forma, envolva os colaboradores e crie mecanismos de alerta quanto a possíveis desvios na produção, como uma máquina parada acima de um tempo determinado.
Eles também devem ser capacitados para resolver esses imprevistos de forma rápida e, se possível, sem a intervenção de equipes externas.
Ainda, use ferramentas, como o gráfico de Pareto, para que todos conheçam as principais causas de interrupção na produção e estejam cientes do que fazer em cada caso.
Por fim, estabeleça meios para reduzir o desgaste sobre as máquinas, sejam eles motivados por corrosão, abrasão ou erosão, por exemplo.
Com processos mapeados e equipamentos em dia, seu OEE se aproximará da desejada classe mundial.
Conclusão
Você viu neste artigo o que é o OEE, indicador que avalia a eficiência geral de seus equipamentos.
Uma máquina parada representa um desperdício e rende prejuízos à empresa, pois afeta a produtividade e pode repercutir negativamente até mesmo na qualidade do que é produzido.
Felizmente, existem formas de contornar o problema – e você aprendeu o que fazer ao longo da leitura.
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