A ISO é uma instituição de tradição mundial, sinônimo de padronização e qualidade no mundo corporativo.
Ter um certificado da ISO é a prova de que a empresa se ajustou a uma série de normas que atestam a segurança, eficiência e qualidade de seus processos, produtos e serviços.
É muito mais do que uma jogada de marketing, portanto. Pois em ações de publicidade e comunicação, a companhia apenas mostra que sabe apresentar e vender seu produto.
Já com um certificado ISO, ela sinaliza que sabe fazer esse produto de acordo com as melhores práticas, desenvolvidas ao longo de décadas e reconhecidas no mundo todo.
Se você acompanha o blog da Escola EDTI, sabe que nosso objetivo é disseminar a cultura da qualidade e melhoria contínua em empresas e profissionais de todas as áreas.
Seguindo essa linha, não poderíamos deixar de ter um texto sobre a ISO.
Vamos falar sobre o que é a organização, qual sua importância, quais as principais famílias de normas e, no fim, citaremos outras entidades internacionais de padronização.
Boa leitura!
O que é a ISO (International Organization for Standardization)
ISO é uma organização independente que atua de maneira global na padronização e normatização, estabelecendo diretrizes que servem como guias no desenvolvimento e gestão de vários tipos de processos nas empresas.
A sigla quer dizer International Organization for Standardization, ou Organização Internacional para Padronização.
Juntando as iniciais do nome inglês, deveria resultar em IOS, ou em OIN no caso da sigla em francês (já que a sede da ISO fica em Genebra, onde se fala francês) para Organisation Internationale de Normalisation.
Mas a ideia de estabelecer a sigla ISO foi para criar uma marca que fosse usada em todos os países, independentemente de quais são as iniciais do nome traduzido para o idioma local.
Assim, foi escolhido o nome ISO por fazer referência à palavra grega isos, que quer dizer “igual”, o que tem relação com o objetivo de padronizar as melhores normas técnicas do mundo corporativo.
A instituição é composta por 164 entidades de padronização espalhadas pelo mundo. No Brasil, é representada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
Cabe dizer, ainda, que a ISO é uma organização não governamental, mas as normas que estabelece não são desenvolvidas de forma arbitrária, e sim a partir do consenso entre seus membros.
História da ISO
A ISO foi criada em 1946, quando representantes de 25 países se encontraram no Instituto de Engenheiros Civis, em Londres, na Inglaterra.
Na ocasião, tiveram a ideia de criar uma nova organização internacional, “para facilitar a coordenação internacional e unificação dos padrões industriais”, como diz seu site oficial.
Desde então, já foram publicadas cerca de 23 mil normas internacionais, cobrindo praticamente todos os aspectos relacionados à tecnologia e manufatura.
Hoje, além das entidades representando 164 países, a organização tem 781 comitês técnicos e subcomitês e mais de 160 colaboradores trabalhando em turno integral na Secretaria Central da entidade, na Suíça.
Por que a ISO é importante
As normas internacionais criadas pela ISO estabelecem padrões e especificações para o desenvolvimento de produtos, serviços e sistemas, garantindo qualidade, segurança e eficiência.
São diretrizes de “como as coisas deveriam ser”, definidas de maneira não arbitrária, mas consensual, como destacamos anteriormente.
Muitas das regras criadas pela ISO ajudam a enfrentar desafios globais relacionados ao meio ambiente, economia e sociedade em geral.
Desse modo, elas têm o potencial de causar uma diferença positiva não apenas no mercado, mas na vida da população.
São instrumentos que ajudam a fomentar o crescimento, abrir mercados globais e tornar o comércio internacional mais justo, inclusive para países em desenvolvimento.
Algumas das áreas da gestão de negócios que as normas da ISO abrangem são:
- Liderança
- Gestão de riscos e oportunidades
- Recursos humanos e infraestrutura
- Comunicação
- Planejamento operacional e controle
- Avaliação de performance
- Processo de melhoria.
As empresas que seguem as normas da organização e obtém os certificados desfrutam de uma série de benefícios.
Entre eles, vale citar:
- Aumento na eficiência
- Redução nos custos administrativos e operacionais
- Melhoria na qualidade do produto ou serviço e, consequentemente, na satisfação dos clientes
- Maior engajamento entre os colaboradores
- Redução de riscos.
É muito simples de entender como isso acontece.
A companhia que segue os padrões ISO é capaz de produzir mais rápido e de maneira mais eficiente, sem prejuízos à qualidade do seu produto.
Pelo contrário, o compromisso com o nível da entrega final é tão ou mais importante quanto a eficiência e agilidade na produção.
O propósito por trás da criação da organização já ajuda a entender a sua importância, conforme consta no seu site: “ISO foi fundada com a ideia de responder uma questão fundamental: ‘qual é a melhor maneira de fazer isto?'”.
Seus padrões não são caprichos ou burocracias sem sentido, mas sim ensinamentos que passaram pelo crivo de um corpo técnico internacional e altamente especializado, que se debruçou sobre cada assunto abordado.
Não há razões, portanto, para achar que não vale a pena investir em ações para implementar os padrões e obter a certificação ISO.
Principais Família de Normas
Como afirmamos antes, os padrões desenvolvidos pela ISO abrangem quase todas as áreas da economia.
O universo de normas estabelecidas pela organização, dessa forma, é bastante vasto, o que motivou a sua classificação entre as chamadas “famílias”.
A seguir, vamos falar um pouco sobre três das principais famílias de normas da ISO.
Família (Série) ISO 9000 – Qualidade
A mais conhecida das famílias de normas da ISO é a 9000.
Você já deve ter visto muitas empresas citando em suas ações de comunicação o selo de certificação em algum conjunto de padrões dessa série.
As normas ISO 9000 estabelecem referências de boas práticas de gestão da qualidade a serem seguidas nos projetos e processos de uma empresa.
É algo que envolve o desenvolvimento de novos produtos, processos produtivos e serviços.
A principal norma dessa família é a ISO 9001, que estabelece exigências para um bom sistema de gestão da qualidade.
Essa norma serviu de base para a criação de outras, de aplicação específica em determinados setores e indústrias.
Alguns exemplos são:
- ISO 13485: equipamentos médicos
- ISO 17582: organizações eleitorais governamentais
- ISO 18091: governo local
- ISO/TS 22163: requisitos para o sistema de gestão de empresas do setor ferroviário
- ISO/TS 29001: indústrias do petróleo, petroquímica e de gás natural
- ISO/IEC 90003: engenharia de softwares.
Veja, agora, outras normas da família 9000:
- ISO 9000: traz os princípios e vocabulário essencial das normas de gestão da qualidade
- ISO 9004: uma norma para uso interno, que traz diretrizes para melhoria do desempenho e fatores técnicos para a implementação do sistema de qualidade
- ISO 9002: normas referentes à garantia da qualidade, assistência técnica e instalação
- ISO 9003: considerado o mais simples, diz respeito aos requisitos para a inspeção e ensaio final nos projetos e processos de qualidade.
Família ISO 14000 – Gestão Ambiental
As normas da família ISO 14000 estabelecem padrões de gestão ambiental.
Se, em outros tempos, essa era uma preocupação quase exclusiva de empresas de setores como mineração, energia e construção, hoje, essa realidade mudou.
Por exigência do público consumidor, legislações e preocupação geral crescente com temas como o aquecimento global, empresas de todas as áreas procuram adotar práticas sustentáveis em seus processos.
E as normas da família ISO 14000 podem ser seguidas por companhias de qualquer ramo, nível e porte de negócio.
As empresas que obtém certificados ISO 14000 são aquelas que implementaram ações e processos que minimizam os danos causados por suas atividades ao meio ambiente.
Assim como no grupo de normas sobre o qual falamos no tópico anterior, a ISO 14001 é a mais conhecida entre as normas dessa família.
Nela, constam os requisitos e orientações para a criação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA), estrutura interna da empresa que será responsável pela proteção ao meio ambiente e resposta rápida aos problemas, desafios e mudanças relativas às condições ambientais.
Mas há também outras normas importantes, como a ISO 14004 (normas internas de SGA), a ISO 14010 (sobre o processo de auditoria ambiental), a ISO 14031 (regras para avaliação do desempenho do SGA) e a ISO 14020 (normas referentes aos rótulos e declarações ambientais).
Família ISO 22000 – Gestão e Segurança com Alimentos
Outra família de normas ISO muito importante é a 22000, que estabelece diretrizes para a gestão e segurança de alimentos.
As normas 22000 devem ser seguidas por empresas cuja área de atuação tem relação com a alimentação.
O que não inclui somente a produção de fato dos alimentos, mas também de equipamentos, agentes de limpeza, ingredientes, aditivos e materiais de embalagem.
Boas práticas em todas essas áreas, afinal, contribuem para uma indústria alimentícia de qualidade, com a máxima segurança para o consumidor final.
As normas incluem diretrizes para a gestão de processos (armazenamento dos alimentos, instalações, higiene pessoal dos colaboradores, auditoria interna, etc.), comunicação, controle de riscos, segurança de alimentos e melhoria contínua no sistema de gestão das empresas da área.
A norma ISO 22000 tem um formato muito parecido com o das normas ISO 9001 e ISO 14001, o que torna possível criar um sistema de gestão da qualidade integrado.
Dessa forma, a empresa que implementa as ações recomendadas na norma e obtém a certificação se torna mais confiável aos olhos dos clientes, fornecedores e parceiros.
Afinal, o selo é sinônimo de transparência e melhoria contínua nos sistemas, características fundamentais em uma área tão importante quanto a alimentação.
Outras ISOs Importantes para a Qualidade
Você acabou de conhecer três das mais importantes famílias de normas estabelecidas pela Organização Internacional para Padronização, mais conhecida como ISO.
A seguir, falamos sobre outros padrões que, depois de implementados em uma empresa, trazem ótimos resultados e a tornam mais eficiente e competitiva.
ISO 13053 – Para implementar o 6-Sigma em uma Indústria
A norma ISO 13053 foi criada para orientar a implementação da metodologia Six Sigma, que visa o desenvolvimento de um sistema de melhoria baseado na redução da variação nos processos de uma empresa.
Uma das principais ferramentas utilizadas no Six Sigma é o DMAIC, um roteiro de melhoria composto pelas seguintes fases:
- Define the problem (definir o problema): na primeira fase, é preciso definir qual o problema que demanda uma solução
- Measure key aspects (mensurar aspectos principais): o segundo passo do ciclo DMAIC é investigar as relações de causa e efeito do problema a ser corrigido
- Analyse (análise): a partir de todos os dados disponíveis sobre o problema, é feita uma análise minuciosa para identificar padrões e oportunidades de melhoria
- Improve the process (melhorar o processo): com base nos estudos das etapas anteriores, são propostas soluções para melhorar o processo, visando acabar ou minimizar o problema
- Control (controle): é uma etapa contínua, em que o processo já foi implementado e é monitorado para que possíveis desvios sejam corrigidos.
Na norma ISO 13053, constam as melhores práticas a serem usadas em cada fase do DMAIC em um projeto Six Sigma.
ISO 18404 – Competências-chave para pessoal na implementação do Lean Six Sigma
A norma ISO 18404 é um padrão que estabelece as competências necessárias para pessoas e organizações implementarem a metodologia Lean Six Sigma.
O padrão determina três níveis de competência para os profissionais que atuam em projetos Lean Six Sigma: Lean Practitioner, Lean Expert e as posições Green Belt, Black Belt e Master Black Belt.
Na norma, então, constam quais as competências e critérios de performance de cada um desses níveis, o que facilita o entendimento, a gestão e o treinamento desses profissionais.
A saber, Lean Six Sigma é uma metodologia que une os conceitos do Six Sigma, que abordamos no tópico anterior, e as práticas do Lean Manufacturing, uma metodologia inspirada no Sistema Toyota de Produção.
Um dos principais objetivos do Lean Manufacturing (que podemos traduzir como “manufatura enxuta”) é a redução dos desperdícios nos processos produtivos, que são divididos em oito categorias:
- Transporte (movimento desnecessário de pessoas, equipamentos, materiais e informações)
- Estoque (excesso de produtos e insumos armazenados)
- Movimentação (deslocamentos e procura)
- Espera (colaboradores ocioso e processos em espera)
- Processamento excessivo (processos que não agregam valor ao produto)
- Superprodução (produção desalinhada com a demanda)
- Defeitos (trabalho que precisa ser refeito devido a erros)
- Habilidades (funcionários cujo conhecimento e potencial máximo não são aproveitados).
Como Obter Certificação da ISO
Para que uma empresa obtenha um certificado que comprova que está alinhada com um padrão ISO, o primeiro passo é iniciar um projeto de implementação das ações e processos que constam na norma para a qual deseja obter a certificação.
Algumas empresas possuem profissionais capazes de coordenar esse tipo de projeto.
Já outras abrem um processo seletivo para essa finalidade ou, então, contratam um consultor especialista nessa área, com expertise e conhecimento para orientar sobre a melhor forma de desenvolver o novo sistema.
Depois de concluído o trabalho de adequação ao padrão ISO, a certificação não é concedida automaticamente, é claro.
É preciso passar por uma auditoria independente – a ISO não presta esse tipo de serviço.
Existem empresas habilitadas e autorizadas a auditar outras companhias para a certificação de determinadas normas ISO.
A certificadora avaliará o sistema de gestão relacionado ao padrão em questão e decidirá se a norma está sendo seguida e se a empresa está pronta para receber o selo de qualidade ISO.
A certificação é válida por três anos.
Depois disso, é necessário se submeter a uma nova auditoria para checar se os padrões ainda são seguidos.
Outras Organizações Internacionais de Padronização
A ISO não é a única organização internacional que cria padrões que afetam direta ou indiretamente a nossa vida.
A seguir, citamos outras entidades que criam normas seguidas por empresas do mundo todo.
- IEC: International Electrotechnical Commission, ou Comissão Eletrotécnica Internacional, publica padrões para tecnologias elétricas e eletrônicas. Também é sediada em Genebra
- ITU: International Telecommunication Union, ou União Internacional de Telecomunicações, cria padrões para empresas das áreas de comunicação e tecnologia da informação. Foi fundada em Paris e hoje tem sua sede em Genebra
- ACM: a Association for Computing Machinery, ou Associação para Maquinaria da Computação, não é bem uma organização de padronização, e sim uma sociedade de fomento à educação e pesquisa científica na área da computação, com sede em Nova Iorque. Mas acaba sendo bastante influente nos processos de empresas da área no mundo todo.
Conclusão
Não é à toa que a Organização Internacional para Padronização, entidade conhecida pela sigla ISO, seja tão famosa e respeitada no mundo todo.
Desde que foi fundada, em 1946, já publicou mais de 23 normas técnicas internacionais, que estabelecem padrões e especificações para os mais diversos segmentos da economia.
Com o prestígio que a organização independente e não governamental obteve com o passar dos anos, hoje não há dúvida sobre a qualidade dos processos de empresas que têm a certificação ISO.
Vale a pena saber mais especialmente sobre as normas ISO 9001 (gestão da qualidade), ISO 13053 (sobre a implementação da metodologia Six Sigma) e ISO 18404 (orienta as competências dos colaboradores que atuam em projetos Lean Six Sigma).
Guiando-se pelas diretrizes desses padrões, sua empresa terá um significativo salto de qualidade, que rapidamente será percebido por seus clientes.
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