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Com o aumento da competitividade, é comum que os empresários procurem novas formas de reduzir os custos de produção, mas muito deles não conhecem o que é a produção enxuta ou mesmo como aplicá-la no dia a dia industrial.
A produção enxuta (Lean Manufacturing, em inglês) é um dos fundamentos do Sistema Toyota de Produção. Ao longo da história, principalmente após a Segunda Guerra Mundial, tal paradigma desenvolvido no Japão substituiu as ideias do Fordismo e do Taylorismo, até então aplicadas nos Estados Unidos.
O processo tornou-se tão bem-sucedido que foi adotado em setores de manufatura em todo o mundo.
De modo geral, com essa mudança de princípios, a superprodução deu lugar ao just in time (fabricação na hora certa). Porém, não foi só isso.
O Lean Manufacturing introduziu novos pressupostos para a gestão de processos de empresas, o que contribuiu para que elas aumentassem de forma significativa a produtividade e a eficiência.
A propósito, esses dois atributos podem ser considerados o “calcanhar de Aquiles” da indústria brasileira. Veja em seguida, então, porque a produção enxuta está relacionada com o crescimento do país.
O que é produção enxuta?
A produção enxuta se refere à aplicação de práticas, princípios e ferramentas para a fabricação de protótipos e produtos, principalmente em um cenário da indústria 4.0. Para isso, os proprietários de indústrias estão utilizando o método para eliminar desperdícios, otimizar processos, cortar custos e impulsionar a inovação em um mercado mutável.
Nesse conceito, o desperdício é visto como algo que não agrega valor ao cliente. Isso envolve qualquer processo, atividade, produto ou serviço. Ou seja, qualquer coisa que exija um investimento de tempo, dinheiro ou talentos e que não crie valor para o cliente é considerado como um desperdício.
É fazer mais com menos nos processos de projeto, fabricação, distribuição e atendimento ao cliente. Para isso, é preciso minimizar o desperdício de material e mão de obra enquanto mantém ou aumenta os níveis de produção.
Tudo isso resulta em uma melhoria contínua na produtividade total. Algo fundamental em um mercado onde todos estão lutando para permanecer competitivo. No entanto, para conseguir isso é preciso ser capaz de responder o mais rápido possível às mudanças na demanda.
O ideal é que, quando uma avaliação de Lean Manufacturing estiver concluída, possa ser produzido um plano que permita à empresa reduzir custos, otimizar a eficiência e aumentar a produtividade para atender às necessidades dos clientes.
E lembre-se, Lean não se limita à fabricação. Ele pode melhorar a forma como uma equipe trabalha em conjunto, o gerenciamento de inventário e até interação com o cliente.
Os consumidores notarão grandes melhorias à medida que você implementa a produção enxuta. Esse benefício também se estenderá aos seus fornecedores, que desejarão usar a metodologia para gerar suas próprias melhorias.
Como funciona esse conceito?
O Lean Manufacturing otimiza o fluxo e garante que nada seja feito que não mostre um resultado final para o consumidor. Geralmente, o primeiro passo para criar um processo de produção enxuta é estudar o processo como ele está atualmente.
O método obriga você a atacar um problema e continuar a investigá-lo até que ele seja eliminado. A análise de causa raiz e as equipes são utilizadas para garantir que um problema receba o nível de atenção que ele merece para corrigi-lo.
As mudanças do processo Lean ocorrem após um estudo empírico aprofundado. Isso elimina qualquer chance de que um modo antigo de fazer as coisas permaneçam no processo apenas porque “precisa ser feito dessa maneira”.
O gerenciamento e o 5S ajudarão a identificar quando as coisas estão fora do lugar. Quando elementos desnecessários são removidos da operação, o local de trabalho fica muito mais organizado, eficiente e produtivo.
Por exemplo, em uma indústria, em que um funcionário passa horas criando relatórios apenas para o caso de alguém precisar deles. Esse é o tipo de coisa que os processos enxutos procuram cortar.
Um dos pontos principais na metodologia da produção enxuta é o aproveitamento máximo do potencial dos funcionários, reduzindo a carga de trabalho e a oportunidade de erros que podem criar produtos defeituosos ou causar lesões ou morte no local de trabalho.
Se uma empresa pode criar um fluxo de trabalho que permita que as pessoas voltem para casa mais cedo e passem o tempo com suas famílias, descobrirá que seus funcionários se tornarão mais felizes e produtivos.
Como a competitividade só aumenta, é importante lembrar que o Lean não é um sistema estático e requer esforço constante e vigilância para aperfeiçoar. Seus concorrentes vão melhorar, evoluir e até podem até revolucionar sua indústria. É preciso dar um passo à frente ou você vai perder o seu negócio.
Quais os benefícios que a produção enxuta pode trazer?
Como abordado, a produção enxuta melhora a eficiência, reduz o desperdício e aumenta a produtividade. Tudo isso gera uma série de benefícios, como:
- processos de manufatura simplificados;
- qualidade de produto;
- uso eficiente de recursos para inovação;
- melhor controle de qualidade;
- menos avarias em equipamentos;
- diminuição de atrasos e tempos de espera;
- redução da mão de obra;
- maior satisfação dos funcionários;
- melhoria nas relações com fornecedores;
- menos desperdício de recursos;
- menor impacto ao meio ambiente; e
- lucros maiores.
Dependendo do planejamento e do esforço colocado em sua implementação, a maioria desses benefícios deve ser facilmente superada com o suporte adequado à liderança.
Treinar as pessoas sobre as mudanças se tornará uma área-chave de foco. As pessoas da sua empresa precisam estar cientes dessa nova metodologia de trabalho.
Porém, os benefícios do Lean Manufacturing em uma empresa serão diferentes das de outra. Dependerá da estratégia, do investimento e da cultura da organização. Mas com o nível certo de comprometimento e planejamento, é possível perceber os benefícios da produção enxuta em um curto período de tempo.
Por que ela é importante para a competitividade no Brasil?
Nos últimos anos, é comum ver o Brasil entre as dez maiores economias do mundo. Em 2016, por exemplo, ele ficou em nono lugar no ranking de Produto Interno Bruto (PIB) divulgado pelo World Economic Outlook Database, ligado ao Fundo Monetário Internacional (FMI).
No “Top 5”, ficaram: Estados Unidos, China, Japão, Alemanha e Reino Unido.
Embora o Brasil tenha ocupado uma posição de relativo destaque na lista, não é segredo de que uma parte considerável do PIB nacional provém da exportação de itens com pouco grau de transformação, por exemplo, minério de ferro, soja, carne, diferentemente do que ocorre com nações mais industrializadas.
Por sinal, esse tipo de status tem se mantido nos últimos anos. Por exemplo, o jornal Valor Econômico chegou a publicar a seguinte notícia em março de 2018: “Exportação de bens industrializados tem ‘década perdida’”.
A matéria chama a atenção para o fato de o volume de exportações de produtos industrializados em 2017 ter ficado 0,7% abaixo do registrado em 2008.
Se não bastasse isso, o Brasil tem decepcionado quando o quesito é produtividade. Para você ter uma ideia, levantamento realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), a pedido do jornal O Globo, mostrou que o país está na 50ª posição — entre 68 nações — num ranking de produtividade do trabalho.
Conforme o estudo, enquanto um empregado brasileiro gera US$ 16,80, em média, por hora trabalhada, um alemão rende US$ 64,40.
E o que a produção enxuta tem a ver com todos esses dados? Na verdade, ela está diretamente relacionada ao grau de competitividade não só das empresas como também dos países.
Afinal, num mercado cada vez mais globalizado, ganha a preferência dos clientes quem oferece preços mais atrativos, sem deixar de lado a qualidade.
Os praticantes do Lean Manufacturing se esforçam para alcançar nada menos que a perfeição. A melhora acontece passo a passo, à medida que as causas raízes dos problemas de qualidade e do desperdício de produção são resolvidos.
A busca incansável da perfeição é o que leva os empresários a investirem em se aprofundar, medir e mudar com mais frequência do que seus concorrentes.
Como reduzir o desperdício?
Ao longo da fabricação de uma mercadoria, da entrada de matérias-primas até a chegada dos produtos para os clientes finais, há uma série de atividades.
Num cenário ideal, o fluxo de tarefas deveria ocorrer em função da demanda, de modo que a empresa não ficasse com capacidade ociosa nem com estoques exagerados.
Entretanto, na prática nem sempre é assim, principalmente, quando a organização não implementa os princípios da produção enxuta.
Nesse caso, a tendência é de que haja desperdícios no decorrer de toda a cadeia de suprimentos, o que acaba por diminuir consideravelmente tanto a produtividade quanto a eficiência da empresa.
Pelo contrário, se a organização se empenha na execução do Lean Manufacturing, ela evita a superprodução, ataca o excesso de processamento e otimiza o transporte de peças, insumos e produtos acabados no interior da unidade.
Além disso, ela controla o estoque para não imobilizar capital e também evitar risco de obsolescência, bem como promover iniciativas para reduzir defeitos em todo processo produtivo.
Como abordado, a produção enxuta busca retirar tudo aquilo que gera desperdícios de recursos e, por consequência, não agrega valor para a experiência do cliente final.
Afinal, excessos ou falhas no decorrer da cadeia de suprimentos representam aumento do custo de fabricação, logo, perda da competitividade.
No caso do Brasil, tal custo impede que o país exporte mais, já que os produtos nacionais passam a ter preço e, até mesmo, qualidade não atrativos em relação às mercadorias comercializadas por outras nações.
Em algumas situações, o país até tem vantagens em determinadas etapas dos processos produtivos, porém, esses pontos positivos muitas vezes perdem importância na “média geral” devido ao desperdício de recursos.
Como fazer a capacitação profissional para a produção enxuta?
No passado, devido à dificuldade para se obter informação e, em alguns casos, à inexistência de certos conhecimentos, era muito mais difícil para uma empresa competir no cenário internacional.
Não é à toa que, para o desenvolvimento do Sistema Toyota de Produção, os japoneses chegaram a visitar unidades industriais nos Estados Unidos para conhecer a forma de atuação das fábricas americanas.
Hoje em dia, porém, a situação já é bastante diferente graças aos avanços tecnológicos, como a Internet. Em que pese os segredos industriais, praticamente qualquer pessoa pode ter acesso a metodologias, técnicas e ferramentas ligados à produção enxuta e, o melhor, muito de tudo isso já foi validado na vida prática de empresas.
Nas últimas décadas, indústrias ao redor do planeta economizaram muito dinheiro, incorporando estratégias e ferramentas Lean e Seis Sigma em seus processos. A combinação desses dois conceitos diferentes forma uma solução poderosa para melhorar os processos de produção, o que aumentou a demanda por profissionais Green Belt
Por exemplo, no curso Lean da Escola EDTI, o aluno aprende os pressupostos básicos do Lean Manufacturing, conhece as ferramentas necessárias para se fazer um bom diagnóstico da situação enfrentada, entende as fases necessárias para se implantar um projeto de melhoria, analisa estudos de caso etc.
A propósito, tal conjunto de conhecimentos não só contribui para a formação profissional individual como pode gerar melhoria para todo um negócio ou, até mesmo, uma cadeia de suprimentos.
No caso do Brasil, à medida que o país tiver mais pessoas que dominam os princípios da produção enxuta e mais empresas dispostas a colocar em prática esse sistema de produção, a tendência é de que a economia nacional ganhe em eficiência e, consequentemente, em competitividade.
Portanto, se você busca fornecer produtos e serviços de alta qualidade, no lugar e tempo certo, então você terá um negócio que vai ter sucesso.
Assim, uma organização que adota a produção enxuta valoriza o cliente e se concentra em atender as suas demandas. O objetivo é fornecer uma boa experiência ao consumidor por meio de um processo que não desperdiça nada.
Não adianta fazer melhorias apenas em momento de crise. É preciso ter um programa de melhoria contínua de negócios para garantir que sua empresa prosperará, não apenas em tempos difíceis.
Embora tal mudança de status não ocorra do dia para noite, iniciativas nesse sentido constituem um importante passo em direção a uma transformação da indústria nacional.
Por exemplo, quando uma empresa de determinado segmento adota a produção enxuta, as chances de as concorrentes brasileiras seguirem esse mesmo sistema são grandes, uma vez que elas precisam acompanhar os avanços conquistados por quem implementou o Lean Manufacturing.
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