A manufatura existe desde que a humanidade começou a produzir seus próprios utensílios.
No início, seu propósito era garantir a sobrevivência e, com o tempo, o rol de objetos manufaturados aumentou em volume e complexidade, resultando na confecção manual de itens utilitários.
Depois desse período chegou a época de mercantilizar os itens, então, a manufatura passou a se sofisticar cada vez mais até acontecer a Revolução Industrial.
Hoje, temos a indústria 4.0 e 5.0, apresentando novas tendências e mudanças impactantes.
Neste conteúdo, falaremos um pouco de alguns sistemas de manufatura, como eles funcionam e suas principais ferramentas.
Continue lendo e fique por dentro.
O que é manufatura?
Manufatura é um método de produção pouco ou nada mecanizado, em que a fabricação é, via de regra, feita à mão (manu = mão, fatura = fazer algo).
No contexto industrial, contudo, esse termo ganhou outra conotação, designando os processos fabris de um modo geral.
Não é totalmente errado, mas, na essência, a manufatura não se aplica tanto na indústria, principalmente se considerarmos a principal característica industrial, a produção em série.
Ainda que seja possível manter uma produção manufatureira em maior escala, existem limitações que, cedo ou tarde, impedem o negócio de expandir ou de melhorar.
Foi em resposta a essas limitações que a indústria abandonou esse modo de produzir, introduzindo no século XVIII as primeiras máquinas em substituição ao trabalho humano.
Qual a diferença entre artesanato, manufatura e maquinofatura?
Artesanato é a produção de objetos, bens e produtos por meio de processos rústicos, com ferramentas simples e equipamentos básicos.
Essa produção pode ou não ter fins lucrativos, o que aproxima esse modelo de uma forma de arte.
Já a manufatura, embora tenha algo de artesanal, se caracteriza por produzir normalmente bens para venda e consumo.
Usa utensílios e equipamentos um pouco mais sofisticados, embora não haja ainda uma mecanização ou automação da produção.
Por sua vez, a maquinofatura é o método em que a produção de bens para consumo depende de máquinas, que podem ser operadas automaticamente.
Como ocorreu a evolução das manufaturas para as indústrias?
Há quem use o termo manufatura para se referir à indústria porque ambas têm o mesmo propósito, que é transformar matérias-primas em estado bruto em bens utilizáveis.
A manufatura surge por volta do século XV, período em que houve o renascimento comercial provocado pela reabertura das rotas comerciais na Europa e Ásia.
Depois da agricultura, ela seguiu como o principal meio de produção conhecido, até ser superada, passando para a história com o advento da Primeira Revolução Industrial na Inglaterra.
Como vimos, a economia mundial, até o século XVIII, era predominantemente movimentada pela agricultura.
Não existia o comércio tal como conhecemos hoje, ou, pelo menos, ele não existia em uma escala tão grande, restringindo-se a mercados locais.
As Grandes Navegações a partir do século XV começaram a mudar esse quadro, expandindo os mercados dos recém criados estados-nações.
Não tardou para que governos e mercadores percebessem que poderiam lucrar muito mais se, em vez de gêneros agrícolas, fossem vendidos produtos manufaturados.
A Inglaterra foi o país que mais se beneficiou disso, já que saiu na frente na corrida pela industrialização com a criação da máquina de tear por Edmund Cartwright, no século XVIII.
Isso trouxe mudanças profundas no modo de produzir, já que passou a ser muito mais lucrativo transformar matérias primas e gêneros agrícolas em produtos para consumo.
Dessa forma, a manufatura rapidamente perdeu espaço, dando lugar à produção em série a partir de 1901, modelo que permanece até hoje nas empresas industriais.
Exemplos de produtos manufaturados
Um celular poderia ser considerado um bem manufaturado, se pensarmos em manufatura como sinônimo de produção industrial.
Porém, como vimos, o termo manufatura designa um processo manual, um pouco mais simples do que o industrial, por não utilizar máquinas e a produção em série ser menos padronizada, não operada em linha.
Para que fique mais clara essa diferenciação, vamos ver alguns exemplos de produtos “manu factus”, portanto, feitos à mão:
- Cerâmicas artesanais
- Tecidos e tapetes
- Móveis artesanais
- Joias artesanais
- Esculturas em madeira ou pedra
- Instrumentos musicais artesanais
- Cestos e trançados
- Produtos de couro.
Essa lista poderia se estender bastante, tal é a variedade de produtos que podem ser fabricados dessa forma.
O que é um sistema de manufatura?
Podemos também dizer que manufatura é uma abordagem criada para adaptar o processo de fabricação às necessidades operacionais de uma fábrica.
Sendo um sistema, os processos de manufatura se caracterizam por serem organizados, tal como os industriais.
Da mesma forma, por meio da identificação de falhas nas operações, é possível implementar mudanças e extrair o melhor aproveitamento nos processos manufatureiros.
Como vimos, os sistemas de manufatura começaram a ganhar uma nova abordagem em seu conceito a partir da Revolução Industrial.
Nesse período, a demanda por trabalhadores nas fábricas foi massiva.
Eles entraram no lugar dos artesãos, junto com as máquinas, que viriam a substituir parte da mão de obra humana.
Assim, a manufatura deu lugar à maquinofatura.
Durante esse processo, foram inventadas a roda d’água para acionamento de máquinas, o motor a vapor e a roda giratória para indústria têxtil, que levaram à produção em larga escala.
Esse sistema foi um dos princípios que serviriam como base para o Taylorismo e o Fordismo, bem como para o progresso da indústria como um todo.
Tipos de processos de manufatura
Assim como existem diferentes modalidades de produção industrial, a manufatura também tem seus próprios subtipos.
Vamos conhecer os mais difundidos deles a seguir.
Manufatura repetitiva
É a conhecida produção em massa, cujo processamento tem como marca a produção em altos volumes de itens com baixa variedade, de forma repetitiva a fim de atender grandes demandas de mercado com mais eficiência operacional.
Os exemplos mais comuns são as redes de fast food, fábricas de eletrodomésticos, automóveis e outros.
Manufatura contínua
Os processos contínuos vão ainda além dos que envolvem produção em massa porque operam com volumes maiores e de variedade mais baixa.
Trata-se aqui do extremo da produção em larga escala, padronizada e de fluxos de linha rígidos.
Seu funcionamento é ininterrupto, 24 horas por dia, durante os 7 dias da semana.
É o modelo de produção para materiais como gases, líquidos e pós.
Outro exemplo típico é o processo de fabricação de garrafas para a indústria de bebidas.
Manufatura discreta
Essa categoria está relacionada a produtos altamente customizados, bem definidos e com processamento em baixos volumes.
O ambiente é diversificado, com uma linha de produção que requer configuração de ferramentas e trocas mais frequentes e um tempo mais longo de fabricação, como na fabricação de navios.
Manufatura por oficinas
Nas oficinas, o processo de fabricação é personalizado, com uma configuração exclusiva, tal como nas oficinas de pintura, de máquinas-ferramenta, gráficas e fabricantes de produtos exclusivos.
Normalmente lidam com demandas pequenas de produção.
Lote
O modelo de manufatura por lote é semelhante aos processos de manufatura discreta e oficinas, mas sua característica é o alto volume com uma variedade moderada.
Cada lote sofre alterações na formulação original do produto e mais de um lote pode ser fabricado baseado em determinados requisitos.
A importância desse tipo de processo de manufatura ganha força quando a matéria-prima não pode seguir um padrão estrito de fabricação.
Manufatura aditiva
Trata-se de uma tendência tecnológica: a impressão em 3D.
Sua natureza inovadora e de características enxutas faz com que ela seja reconhecida como algo transformador; um ponto de virada no setor.
Com seu caráter inovador, pode reduzir desperdícios, além de poupar tempo e dinheiro, já sendo usada amplamente em diversos segmentos.
O que é a Manufatura Enxuta (Lean Manufacturing)?
Trata-se de uma metodologia de gestão industrial criada pelo executivo da Toyota Taiichi Ohno.
O Lean Manufacturing foi fundamental durante a fase de reconstrução do Japão, logo após o término da Segunda Guerra Mundial.
O objetivo inicial era adaptar a indústria a uma realidade de escassez para no futuro competir com as empresas norte-americanas.
Posteriormente, notabilizou-se pela prática da introdução dos círculos de qualidade, no qual as lideranças e colaboradores se reúnem para discutir melhorias.
A partir dessa prática, juntamente com a padronização, mais tarde, desenvolveu-se o Seis Sigma.
A metodologia Lean se apoia no pilar da redução das perdas e otimização dos recursos, por meio da organização do ambiente de trabalho e combate aos 8 desperdícios Lean.
Complementando, o Lean Six Sigma visa, além da eliminação ou redução do desperdício, a melhora na qualidade, por meio da Gestão da Qualidade Total (TQM) e outros conceitos e técnicas.
Lean Seis Sigma e sistemas de manufatura
Aqui temos uma metodologia criada para melhorar os processos nos sistemas de manufatura, amparando-se em dados na sua busca por mudanças.
Utiliza uma gama de ferramentas de análise de dados e processos, com forte orientação em estatística a fim de otimizar a fabricação de serviços e produtos, permitindo a redução de custos, além da satisfação do cliente em longo prazo.
É uma técnica já consolidada desde os anos 1980 que emprega as ferramentas Lean.
Hoje, essa prática é orientada para melhorar a lucratividade e aumentar a competitividade no mercado por meio da redução de custos, aumento de participação e otimização das operações realizadas nas empresas.
Ferramentas utilizadas na Manufatura Enxuta
É extensa a lista de ferramentas usadas na prática da metodologia Lean para eliminar desperdícios e promover uma linha de produção fluida, econômica, rápida e de qualidade.
Conheça as principais abaixo:
- Kaizen: um complexo de práticas para melhoria contínua que orienta a Metodologia Lean para gestão
- Jidoka: criada em 1896, consiste basicamente em um processo de automação acompanhada do elemento humano
- Kanban: ferramenta usada para orientar a produção, por meio de um quadro em que as tarefas por fazer, em andamento e concluídas são relacionadas
- Heijunka: ferramenta usada para nivelar a quantidade e o tipo de produção. A meta é reduzir a instabilidade e a variância
- Just in Time: conceito voltado para a produção do item exato que o cliente deseja, quando, onde e na quantidade pedida. Assim, é produzido o máximo de um produto que o consumidor realmente quer, reduzindo o estoque.
Conclusão
A manufatura existe desde que a humanidade passou a produzir seus próprios objetos com ferramentas, como também pelas próprias mãos.
Com a necessária evolução, foram incorporadas tecnologias como a impressão 3D, otimizando os métodos de fabrico, que passam a ser mais limpos e econômicos.
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