A indústria 5.0 é a última palavra de um movimento que começou no século XVIII, com a Primeira Revolução Industrial.
De lá para cá, uma infinidade de avanços foram incorporados, até chegarmos ao ponto em que estamos hoje, com tecnologias que, há alguns anos, seriam consideradas coisa de ficção.
Pode-se dizer que o momento é de reinvenção das atividades industriais, cujo mercado deve crescer impressionantes 31,2% entre 2024 e 2029, segundo o site Markets and Markets (em inglês).
O futuro chegou, e a indústria 5.0 está de portas abertas para receber os que melhor se prepararem.
Neste artigo, vamos explorar as muitas possibilidades desse fenômeno global e como você pode se encaixar.
Acompanhe até o final.
O que é indústria 5.0?
Indústria 5.0 é a etapa do processo evolutivo dos processos industriais cuja característica principal é a maior integração entre pessoas e máquinas.
Na verdade, essa interação sempre existiu, só que nunca em uma escala como a que se observa agora.
Outra diferença é que há uma certa indiferenciação entre o que é humano e o que é máquina.
Na indústria 5.0, as máquinas não são mais tratadas apenas como objetos, mas como parceiras de trabalho.
O que caracteriza a indústria 5.0?
Como bem define o site da European Commission (em inglês), a indústria 5.0 traz uma visão do setor que vai além da eficiência e da produtividade como únicas metas.
Agora, tão importante quanto a produtividade é a contribuição do setor para a sociedade e o papel que ele desempenha para o seu crescimento.
Durante séculos, o setor industrial se caracterizou pelo pragmatismo, muitas vezes em detrimento do fator humano e ambiental.
Nesta nova etapa, a abordagem mudou, trazendo para a indústria uma responsabilidade maior, convidando seus líderes a pensar mais nos impactos de suas atividades.
Confira então algumas das características dessa nova maneira de conduzir as atividades fabris e seus processos como um todo.
Foco no ser humano
Ainda que grandes líderes e gestores industriais como Taylor e Hawthorne tenham se debruçado sobre o fator humano nas atividades da indústria, ao longo dos anos prevaleceu uma abordagem utilitária.
Ainda que se buscasse melhorar as condições de trabalho, o objetivo maior era sempre aumentar a performance industrial.
Hoje, a performance ainda é uma meta, só que agora ela divide espaço com questões como a integração homem-máquina, bem-estar e sustentabilidade.
Personalização em massa
A indústria 5.0 traz para o chão de fábrica tecnologias e conceitos como Big Data e Internet das Coisas (IoT).
Também utiliza de forma intensiva a robótica, de maneira que a produção possa ser orientada conforme a demanda, como preconiza o sistema Just-in-Time.
Cada vez mais, a indústria vem deixando de produzir em larga escala para depois criar a demanda, até porque essa não é uma visão muito sustentável.
Graças ao uso dos dados e da digitalização, agora é possível refinar cada vez mais o perfil do consumidor, de maneira a criar produtos conforme demandas muito específicas.
Sustentabilidade
Uma das características mais importantes da indústria 5.0 é o cuidado sobre os impactos ambientais.
É verdade que segmentos como o petroquímico e automotivo ainda geram resíduos tóxicos em suas atividades, mas hoje pelo menos existe uma certa conscientização a esse respeito.
Nessa nova etapa, os gestores procuram utilizar materiais e insumos sustentáveis em seus processos, além de observar o correto descarte dos resíduos industriais.
Essa é uma abordagem estratégica para o setor industrial brasileiro, como aponta o Mapa estratégico da indústria 2023-2032, da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Resiliência
A maior parte da trajetória do segmento industrial é pautada pela busca da eficiência, produtividade e racionalização.
Até pouco antes da indústria 4.0, prevalecia uma visão demasiadamente pragmática e que ignorava por completo as questões humanas.
Com a indústria 5.0, essas questões foram incorporadas, passando a ser tratadas como fatores chave para o sucesso.
Nesse processo de assimilação, a própria atividade industrial teve que se humanizar, passando a ser tratada por uma nova perspectiva.
Assim, características como a resiliência, antes restritas aos indivíduos, passaram também a fazer parte das empresas, que ganharam “personalidade” própria.
Por isso, uma indústria resiliente é aquela que, como uma pessoa, é capaz de responder positivamente nos contextos de crise, sem desviar do seu objetivo principal.
Robótica avançada
O crescimento da indústria hoje caminha lado a lado com o da robótica.
A propósito, esse é um segmento que, até 2028, deve ter o seu mercado aumentado em 11,2% (dados em inglês).
O uso de robôs nos processos industriais não chega a ser novo.
A novidade é o uso de robôs colaborativos, que trabalham quase em pé de igualdade com os humanos.
Há também a aplicação de robótica avançada para realização não só de tarefas de rotina, mas de atividades complexas ou que exigem grande capacidade de fazer cálculos.
Impressão 3D
A personalização da produção industrial fez com que novos conceitos e técnicas fossem adotadas.
Uma delas é a manufatura aditiva, por meio da impressão 3D.
Com essa técnica, um produto é fabricado a partir de modelos digitais programados.
A partir disso, as impressoras de encarregam apenas de adicionar as camadas, peças e partes do produto, que é fabricado com índice de desperdício zero.
Realidade aumentada e virtual
Em um ambiente de trabalho mais humanizado, em que máquinas e seres humanos trabalham em sinergia, ganham espaço novos métodos de treinamento.
A realidade aumentada é um deles.
Ela utiliza dispositivos eletrônicos para recriar ambientes imersivos, que servem como áreas de teste virtual.
Um trabalhador pode, por exemplo, percorrer uma fábrica virtual em busca de falhas ou mesmo no meio de um incidente, treinando suas habilidades para resolver problemas ou lidar com imprevistos.
Big Data
Os dados em massa já vêm sendo utilizados desde a indústria 4.0, mas agora eles ganham uma importância ainda maior.
Isso porque a indústria 5.0 usa intensivamente a robótica para fabricar conforme a demanda e para resolver problemas logísticos de alta complexidade.
Nada disso seria possível sem o uso de Big Data, ou seja, de dados em grandes volumes, como subsídios para pesquisas e relatórios para a tomada de decisão.
Qual a diferença entre indústria 4.0 e 5.0?
Tanto a indústria 4.0 quanto a 5.0 usam intensivamente a tecnologia e a digitalização para dar conta dos seus processos.
A diferença é que, nesta etapa mais recente, a tecnologia tem propósitos ainda mais nobres, servindo sobretudo para melhorar a experiência de consumo e a própria vida das pessoas.
Outra diferença é a inclusão da agenda ambiental nas atividades industriais, que agora passam a levar muito mais em consideração os impactos gerados sobre os ecossistemas.
As empresas estão deixando de se preocupar apenas com o lucro, incorporando a isso a busca pelo desenvolvimento sustentável e em longo prazo.
Quais as eras anteriores da indústria?
A indústria 5.0, como vimos, é a fase mais recente da evolução industrial.
Veja abaixo como essa história foi escrita em cada uma das suas quatro fases anteriores:
- 1ª Revolução Industrial (1760 a 1840): tudo começou na Inglaterra, onde pela primeira vez foram introduzidas máquinas para fabricar produtos, antes feitos à mão
- 2ª Revolução Industrial (1840 a 1945): trouxe para a indústria avanços em química e siderurgia, além da introdução da eletricidade e do motor a combustão interna
- 3ª Revolução Industrial (dos anos 1950 até hoje): caracteriza-se pela incorporação da informática e eletrônica
- Indústria 4.0 (a partir de 2011): agregou à indústria conceitos como IA, robótica e IoT. É consenso que ela começou na Alemanha, por ocasião da Hannover Trade Fair.
Tecnologias da indústria 5.0
Além de tecnologias como robótica, Big Data, IoT e impressão 3D, a indústria 5.0 utiliza uma série de outros avanços.
Alguns deles nem são tão recentes assim, como é a cloud computing, fundamental para os extensos processos de coleta, análise e tratamento de dados.
Outra tecnologia que vem sendo amplamente empregada é a blockchain, usada, por exemplo, na cadeia de suprimentos para dar mais transparência aos processos.
Exemplos de aplicações da indústria 5.0
A quantidade de avanços que vieram a reboque da indústria 5.0 é quase incontável, bem como o potencial a ser descoberto e explorado.
Conheça alguns deles a seguir e entenda de que forma eles estão mudando para melhor os processos industriais.
Manufatura personalizada
Nos tempos do fordismo, o foco da indústria era fabricar o máximo possível e depois criar a demanda para a produção.
A indústria 5.0 reverteu isso, ao incorporar a sustentabilidade como princípio.
Agora, as empresas são capazes de produzir sob demandas cada vez mais específicas.
Com isso, são poupados insumos e matérias primas, evitando assim a exploração predatória dos recursos naturais, sem contar os ganhos na satisfação do cliente.
Saúde conectada
O segmento da saúde também sai ganhando com os avanços da tecnologia.
Hoje, é possível utilizar robôs não apenas para atuar nas linhas de montagem, mas para realizar cirurgias assistidas por IA.
Os profissionais de saúde podem também monitorar o estado de saúde de seus pacientes remotamente, podendo até ser com seus próprios dispositivos móveis (conceito BYOD).
Cidades inteligentes
As plantas industriais ficaram mais inteligentes com a integração entre ser humano e máquina.
Esse nada mais é do que o reflexo da expansão da IoT, em que tudo e todos podem estar conectados em tempo real.
Surge assim o conceito de cidades inteligentes, nas quais a gestão dos serviços públicos pode ser feita com dispositivos integrados.
Desde o controle do tráfego até a coleta de lixo de tratamento de efluentes, quase todos os serviços podem ser geridos com foco em eficiência e sustentabilidade dessa forma.
Agricultura inteligente
O mesmo controle aplicável às cidades inteligentes pode ser feito nas práticas agrícolas.
Com uso de drones e sensores conectados a computadores, são gerados dados que, depois de tratados, podem ajudar a gerar insights e orientar o processo decisório.
Os gestores do campo podem também usar a realidade aumentada para treinamento e para auxiliar na operação e manutenção de maquinário e equipamento.
Indústria 4.0 avançada
A indústria 4.0, embora tenha sido superada em alguns de seus conceitos, segue a todo vapor.
Com a sinergia entre máquinas e pessoas, as fábricas passaram a contar com robôs que, além de executar tarefas, são também colaborativos, interagindo com os humanos.
Isso sem contar o uso de tecnologias que permitem operar instrumentos e até linhas inteiras aplicando o conceito de gamificação.
Quais os possíveis impactos da indústria 5.0 no mundo atual?
As mudanças trazidas pela indústria 5.0, logicamente, causam impactos não só na indústria, mas em toda a sociedade.
Ela vem mudando as próprias relações de consumo, fazendo com que o consumidor esteja muito mais atento a questões como experiência de compra e sustentabilidade.
O mercado de trabalho também está mudando, com novas funções surgindo rapidamente, enquanto outras tendem a desaparecer.
Indústria 5.0 no Brasil
Como destacado por um artigo do Conselho Federal de Administração (CFA), a indústria 5.0 já chegou ao Brasil.
Embora o país ainda precise superar muitos obstáculos para que de fato os conceitos da Quinta Revolução Industrial sejam uma realidade, os primeiros passos já foram dados.
Nesse sentido, o Brasil tem um fator chave para facilitar a inserção da economia nesse cenário, que é a diversidade étnica e a pluralidade.
A Escola EDTI, como instituição de ensino, tem um papel importante nesse contexto, preparando os líderes da indústria 5.0 agora e nos próximos anos.
Conclusão
Os meios de produção nunca mais serão os mesmos depois da indústria 5.0.
Por outro lado, a intensificação do uso da tecnologia digital e da robotização, por mais paradoxal que pareça, vem aumentando a necessidade de participação das pessoas.
Para isso, é fundamental se preparar, investindo não só nas suas soft skills, mas principalmente nas suas competências gerenciais.
É aqui que a EDTI pode ajudar você a se destacar.
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