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O que é ikigai e sua influência no desempenho profissional

O ikigai é uma filosofia que propõe um modo de ser, pensar e agir mais simples e saudável.

Não surpreende que venha do Japão, berço de conceitos como Kaizen, de metodologias como a produção enxuta (Lean) e de modelos de produção como o Toyotismo.

Em comum, todos eles pregam o uso mais consciente dos recursos para alcançar a eficiência.

De certa forma, o ikigai se enquadra nessa proposta de um modo de vida menos esbanjador.

Um aspecto muito importante é que, embora não tenha sido cientificamente testado, o ikigai se mostrou bastante eficaz para aumentar a expectativa e a qualidade de vida.

Nas empresas, ela pode ser uma referência para proporcionar um ambiente de trabalho mais leve e produtivo.

Continue lendo e descubra as maravilhas de viver e trabalhar pautado por essa filosofia.

Ikigai: o que é?

O termo propósito diz algo para você?

Caso positivo, talvez você tenha se lembrado dos coaches motivacionais e das empresas que “vendem” a ideia de trabalhar em torno de um propósito de vida relevante.

Pois a filosofia ikigai se relaciona justamente com esse ideal maior que nos move ao longo da existência.

Como em diversos termos japoneses, ele sintetiza em uma simples palavra um conceito bastante abstrato, que é o da motivação para viver.

O que nos faz levantar da cama todos os dias?

Qual o propósito que nos move para aprender uma certa profissão ou atividade, por exemplo?

São questões que, para os japoneses, estão relacionadas ao ikigai, ou seja, a um ideal presente em tudo que fazemos.

Sua adoção vem mostrando resultados tão impressionantes que a filosofia já está inspirando autores de diversos países.

Um estudo realizado pelos pesquisadores Shintaro Kono e Gordon J .Walker, da Universidade de Alberta (Canadá), mostra como estudantes japoneses buscam o ikigai diariamente.

Entre outras revelações, os autores sugerem que uma vida equilibrada e feliz precisa ser orientada na busca das quatro esferas ikigai, como veremos mais à frente. 

Qual a origem do conceito ikigai?

Na sociedade japonesa, o conceito ikigai existe desde tempos imemoriais.

Para nós, ocidentais, ele se popularizou muito mais recentemente, apenas na década passada, por volta de 2010.

Tudo começou quando o mundo descobriu o pacato vilarejo de Ogimi, em Okinawa, Japão.

É lá que está a população mais idosa do mundo, segundo o Guinness, o Livro dos Recordes.

Intrigados com essa revelação, os escritores Francesc Miralles e Héctor García decidiram ver e experimentar o que levou as pessoas desse local a viver tanto.

As descobertas foram tão surpreendentes que foram publicadas em um livro, chamado “Ikigai: Os segredos dos japoneses para uma vida longa e feliz”.

Claro que renderam também diversas reportagens, como a entrevista para a BBC.

Uma das surpresas foi descobrir que a longevidade dos moradores de Ogimi (alguns com mais de 100 anos) não dependia de serviços de saúde sofisticados ou de hospitais caros.

Muito pelo contrário, nessa simpática vila, as pessoas vivem muito porque, acima de tudo, procuram viver bem.

Eles seguem diariamente a essência do conceito ikigai, segundo o qual, antes da realização física e material, está o conhecimento de si próprio.

Onde e como aplicar o Ikigai?

Para boa parte das pessoas, encontrar uma razão para viver pode não ser uma tarefa simples.

Principalmente no mundo ocidental, onde as pessoas são fortemente influenciadas por valores materialistas, é muito comum viver desconectado das outras pessoas e até de si mesmo.

O ikigai ajuda a trazer respostas para quem se sente angustiado ou que acha que sua vida não tem sentido.

Para isso, é preciso começar tomando como princípios os 10 fatores que levam a uma vida longa e saudável, como mostram Miralles e García em seu livro:

  • Não se aposentar totalmente, exercitando sempre o corpo e a mente
  • Manter a calma ao longo do dia
  • Comer até chegar a cerca de 80% de satisfação
  • Viver cercado de amigos
  • Cuidar da saúde física com atividades simples, como caminhar ou cuidar de um jardim
  • Sorrir com mais frequência
  • Estar em contato com a natureza
  • Sentir-se grato com a vida
  • Viver o presente, para que o dia de hoje seja digno de lembrança
  • Seguir o ikigai em todas as atividades.

Na vida pessoal

Infelizmente, o Brasil ainda é o país com o maior índice de pessoas ansiosas no mundo, contando aproximadamente 19 milhões de pessoas nessa condição.

De acordo com o Ministério da Saúde, 86,5% da população demonstra algum tipo de ansiedade em nível patológico.

Assim como a depressão, a ansiedade desencadeia uma série de problemas comportamentais e, em muitos casos, reações orgânicas e psicossomáticas.

O ikigai é uma forma natural de contrabalançar os danos psicológicos causados por um estado ansioso em longo prazo, já que ele ajuda a encontrar o equilíbrio interior.

Aliás, na bucólica Ogimi, onde o ikigai nasceu, a palavra ansiedade passa longe do vocabulário dos habitantes de idade avançada.

Isso nos leva a crer que a filosofia de vida pautada em modos mais simples, tal como sugerido pelos 10 itens expostos acima, propicia uma vida de leveza e tranquilidade.

Na vida profissional

Não é coincidência que o primeiro item da lista com os 10 fatores para uma vida saudável começa com “não se aposentar”.

No Japão, vida pessoal e profissional são praticamente a mesma coisa, ou seja, não existe a concepção de trabalho como algo forçado ou indissociado de outros aspectos.

O ikigai oferece respostas para que trabalhar deixe de ser uma obrigação, passando a integrar propósitos maiores na vida.

Mais ou menos como naquela expressão “faça o que gosta e não terá que trabalhar um dia sequer em sua vida”.

Vale reforçar que o ikigai não é apenas uma filosofia.

Se levado a sério, pode representar um verdadeiro método para alcançar estágios superiores de consciência.

Elevando a consciência sobre nós mesmos, estamos mais aptos a desenvolver nossas atividades com mais ânimo e disposição.

Para as empresas, colaboradores mais dispostos e centrados são certamente mais produtivos e, assim, todos saem ganhando.

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Nas empresas

Se empresas são como organismos vivos, então, não seria insensato dizer que elas também têm o seu próprio ikigai.

Lembra do que falamos logo no começo deste artigo, quando enfatizamos a importância que as empresas dão para o propósito nos negócios?

Assim, a filosofia pode também ser aplicada ao contexto empresarial, ajudando a definir mais claramente o que move a empresa, como uma entidade com personalidade própria.

Na verdade, isso até vem sendo feito, com a definição do clássico tripé Missão, Visão e Valores.

Contudo, em ikigai o trabalho se dá em um nível um pouco mais subjetivo, de maneira a detectar as verdadeiras “raízes” que sustentam uma empresa.

Nesse caso, uma pista para o ikigai pode ser dada a partir das respostas a quatro questões:

  • Missão: como o negócio se conecta às necessidades dos clientes?
  • Paixão: o que as pessoas na empresa realmente gostam de fazer?
  • Vocação: quais são as reais competências das pessoas na empresa?
  • Profissão: quais atividades realizadas geram retorno?

Como descobrir o ikigai

Não há nada que nos mova de verdade que não seja acompanhado de paixão.

Esse é o aspecto fundamental para encontrar o ikigai.

No entanto, não basta apenas ser apaixonado pelo que se faz se isso não gera retorno.

Tampouco nos sentiremos em equilíbrio se, mesmo com retorno, fazemos algo que não acrescenta valor à vida de outras pessoas.

Da mesma forma, não nos traria satisfação plena ajudar pessoas se isso não tiver relação com nossa verdadeira vocação.

Por isso, o ikigai está na interseção entre quatro valores: Paixão, Missão, Vocação e Profissão, como mostrado no esquema abaixo.

Assim sendo, você deve concentrar sua busca procurando respostas 100% honestas às seguintes questões:

1. O que eu amo fazer?

2. O que eu faço bem feito?

3. O que o mundo precisa?

4. Pelo que eu posso ser pago?

Exemplos de ikigai

Vamos considerar o exemplo de Mark Zuckerberg, o fundador do Facebook.

Embora não possamos afirmar com total certeza, é bastante provável que ele tenha encontrado o seu ikigai ao trabalhar com tecnologia.

Imaginemos que, ainda estudante em Harvard, ele estivesse em busca do seu ikigai para definir os rumos a seguir na vida.

Usando um pouco de criatividade (e com a licença de Zuckerberg), talvez chegássemos a respostas como estas:

1. O que eu amo fazer? Produzir coisas inovadoras

2. O que eu faço bem feito? Programar

3. O que o mundo precisa? Melhor comunicação

4. Pelo que eu posso ser pago? Programas e aplicativos.

Como o ikigai impacta o desempenho no trabalho

Temos certeza de que você já notou que o ikigai pode ser uma poderosa ferramenta de desenvolvimento pessoal e profissional.

O mais encantador dessa filosofia é que ela defende ao mesmo tempo um modo de vida simples e o desenvolvimento constante.

Uma forma de fazer isso é investindo em educação, seja por meio da troca de experiência com outros profissionais, seja em cursos de especialização.

Conclusão

O ikigai não é a resposta para todos os conflitos existenciais, mas é sem dúvida um caminho para alcançar uma vida mais plena e cheia de significado.

Para isso, é indispensável se manter em constante aprendizado, já que o trabalho nunca acaba, certo?

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1 comentário em “O que é ikigai e sua influência no desempenho profissional”

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