As ações de gerenciamento de riscos são importantes em todo o perfil de empresa, não importa o seu tamanho ou segmento de atuação.
Para entender isso, basta lembrar que, qualquer seja o processo no seu dia a dia, os riscos representam incertezas quanto aos resultados alcançados.
Pode ser o risco de a matéria-prima acabar, de uma máquina ou equipamento parar de funcionar, de uma ferramenta falhar, de a produtividade cair, enfim.
Por mais que você use dados fiéis na hora traçar suas projeções, é impossível determinar com 100% de certeza quais serão os efeitos derivados das ações do seu time.
Essas incertezas podem tanto decepcionar ao final como também surpreender positivamente por apresentar resultados melhores do que se esperava.
Assim, as entendemos tanto como riscos quanto como oportunidades em potencial.
Da mesma forma que a incerteza é capaz de trazer um saldo positivo, agregando valor, ela pode resultar em uma falha ou defeito, prejudicando a qualidade da entrega ao cliente e, em consequência, a imagem da empresa junto ao público.
Frente a essa situação, o gerenciamento de riscos no meio corporativo busca controlar as incidências, trabalhando para diminuir as ameaças com potencial nocivo aos resultados.
É um trabalho que envolve planejamento, gestão e controle e que se tornou essencial nos últimos anos.
Vale, especialmente, para empresas que desejam crescer, aumentando o volume de suas operações sem comprometer os níveis de qualidade.
A partir de medidas de gerenciamento de riscos, é possível alcançar um padrão de entregas estável dentro da produção, garantindo a satisfação do cliente e a manutenção de um relacionamento positivo com a marca.
Continue lendo para saber mais sobre o gerenciamento de riscos, seu objetivo, importância e ainda conhecer estratégias e processos importantes do método.
O que é Risco em Projetos?
A palavra risco vem do latim “risicu”, que pode ser traduzida para o português como “ousar”.
Trazido para os dias de hoje, o termo segue apresentando um significado parecido ao original.
Quando falamos em risco em projetos, estamos nos referindo às incertezas que são inerentes a qualquer fluxo de produção.
Os riscos podem ser classificados de acordo com o efeito provado (negativo ou positivo), o nível de conhecimento (conhecido ou desconhecido) e a abrangência (individual ou geral).
A primeira classificação segue a lógica que mencionamos na abertura deste artigo.
Ou seja, um risco pode ser positivo (com resultados além do esperado que o classificam como uma oportunidade) ou negativo (com erros ou falhas que fazem com que a performance fique aquém do que se esperava).
Quando falamos sobre o nível de conhecimento dentro do gerenciamento de riscos, a divisão é feita entre o que escapa ou não do radar do gestor e da sua equipe.
Os riscos conhecidos, como o nome indica, são aqueles que se consegue mapear e prever dentro da produção, permitindo se antecipar para lidar com as suas consequências.
Já os riscos desconhecidos são mais difíceis de identificar dentro de uma organização, pois geralmente surgem de maneira repentina, em uma área ou processo até então sem esse registro.
Por fim, a classificação de abrangência trata sobre como aquele risco influencia no projeto.
Um risco individual, por exemplo, é aquele que pode afetar uma área específica do todo, sem grandes ramificações.
Já o risco geral pode ser identificado nas situações em que uma falha isolada é capaz de afetar várias etapas da cadeia de produtividade, comprometendo as entregas como um todo.
Seja qual for a classificação, o certo é que os riscos precisam ser gerenciados dentro de um processo que vamos explicar no próximo tópico.
O que é Gerenciamento de Riscos?
Dentro de uma empresa, o gerenciamento de risco é o setor que fica responsável por planejar, executar e medir as ações de verificação e mitigação das ameaças existentes.
Em outras palavras, a área busca maximizar as chances de sucesso do projeto e até do próprio negócio, focando nas incertezas para evitar situações negativas e aproveitar as oportunidades.
As diretrizes e fases que compõe a atuação de um gerente de riscos estão descritas no PMBOK (Project Management Body of Knowledge), o mais importante manual sobre o tema da atualidade.
O PMBOK é editado desde 1996 pelo Project Management Institute (PMI), uma organização sem fins lucrativos, que trabalha há 50 anos no suporte ao trabalho do profissional de gerenciamento de projetos.
Em sua sexta edição, o livro destrincha a gestão de riscos nas etapas de contexto, identificação, análise, planejamento de estratégias e monitoramento – mais à frente, explicaremos com detalhes como cada etapa funciona.
Além do PMBOK, a ISO 31000 fala especificamente dos princípios obrigatórios para um gerenciamento de riscos eficaz.
Segundo a norma internacional, a área deve proteger e criar valores para a empresa a partir de suas ações, tornando-se parte integrante do cotidiano produtivo, de modo a contribuir com a tomada de decisões.
Isso só se torna possível quando os profissionais envolvidos têm liberdade e disposição para encarar as incertezas de maneira explícita, sem o receio de contrariar quem quer que seja dentro da empresa.
O trabalho deve ser sistemático, mantendo uma rotina em suas ações cotidianas, sem deixar de se preparar para lidar com riscos positivos, que são oportunidades de negócio.
A dedicação precisa ser constante e o gestor deve se certificar de que está munido de todas as informações relevantes de dentro e fora da empresa para tomar as decisões que vão garantir uma maior produtividade.
Essa melhora na qualidade, porém, não pode vir à custa da saúde e bem-estar dos trabalhadores – o que, por si só, seria um risco gigantesco para a empresa.
Quem se propõe a gerir os riscos deve estar ciente que diferenças culturais vão existir e que, por isso, é preciso estar preparado para lidar com as situações de maneira transparente, sempre prezando pelo dinamismo para manter uma gestão inclusiva.
Por fim, todos esses princípios desenrolam em uma cultura organizacional que empodera o trabalhador e garante uma melhoria contínua nos processos.
Mas a importância do gerenciamento de riscos vai além, como você observa na sequência.
Qual a sua Importância?
Não importa qual seja o segmento ou modelo de negócios, empreender sempre será uma atividade de risco.
Esteja lançando um novo negócio ou se o desafio é manter forte uma empresa já consolidada no mercado, as ameaças estarão presentes.
Mas, ainda assim existem ações que toda empresa pode implementar em seu cotidiano para se certificar de que, conforme surgirem, as incertezas serão tratadas da melhor maneira possível.
É justamente nesse momento que o gerenciamento de riscos entra em ação.
Como vimos até aqui, a área é a responsável por planejar, executar, monitorar e mitigar os erros da produção, agindo sobre as oportunidades e criando estratégias para maximizar os resultados e minimizar as falhas.
Então, ainda que você se planeje todos os detalhes, o risco sempre vai existir, o que exige saber lidar com cada situação quando identificada.
Nesse sentido, o gerenciamento de riscos é de extrema importância, pois ele pode ser o diferencial para o sucesso ou fracasso de um projeto ou negócio.
Qual o Objetivo do Gerenciamento de Riscos?
O objetivo principal do gerenciamento de riscos, como sugere o termo, é o de reduzir os riscos negativos e aproveitar ao máximo os riscos positivos que se apresentam à empresa.
De maneira secundária, ele atua também como um instrumento de regulação e equilíbrio entre as ações da organização e o seu apetite para o risco.
Em outras palavras, a área ajuda o gestor a entender se as estratégias adotadas por seu negócio estão alinhadas à disponibilidade de correr riscos.
Afinal, a empresa está em condições de arriscar ou pretende adotar uma postura mais conservadora?
Durante o processo, os erros e acertos vão também dar uma clareza maior sobre quais são as respostas mais adequadas para lidar com os riscos, de maneira a reduzir desperdícios e prejuízos operacionais.
É importante ter em mente que, em geral, riscos não aparecem de maneira isolada dentro dos processos.
Isso significa que um mesmo erro ou falha pode afetar várias partes de uma organização – risco individual ou geral – e que é preciso estar preparado para identificar essas incidências, propondo soluções capazes de resolver o erro de maneira ampla.
Ao fim, uma gestão que está preparada para lidar com riscos consegue aproveitar muito melhor as oportunidades, otimizando os recursos produtivos.
O que é PGR – Programa de Gerenciamento de Riscos?
Além do PMBOK e da ISO 31000, temos no Brasil uma norma regulamentadora que fala especificamente sobre a segurança e saúde ocupacional no ambiente de trabalho.
A NR 22 foi criada pela Portaria Nº 732 do Ministério do Trabalho e Emprego em maio de 2014.
Ainda que tenha o intuito de salvaguardar o trabalhador que trabalha na mineração especificamente, a norma do MTE, em pouco tempo, se tornou um dos alicerces da segurança do trabalho no país.
Em seu item 22.3.7, o documento é claro em afirmar que:
“Cabe à empresa ou Permissionário de Lavra Garimpeira elaborar e implementar o Programa de Gerenciamento de Riscos – PGR, contemplando os aspectos desta Norma […]”.
Dessa forma, entendemos então que o PGR nada mais é do que um documento que tem como finalidade guiar as ações da empresa, de modo a proteger sua equipe e garantir a segurança da população e da natureza em seu entorno.
No programa, deve estar descrito o plano de ação para evitar a incidência de riscos negativos, além de apontar caminhos para lidar com os riscos positivos e os negativos.
Gerenciamento de Riscos – Estratégias e Processos
Até aqui, falamos bastante sobre o conceito de gerenciamento de riscos, suas definições e a importância de aplicá-lo para garantir uma cultura de melhoria contínua em sua empresa.
Mas, afinal de contas, como desenvolver uma gestão de riscos na prática?
É fato que essa área pode ser um pouco intimidadora para quem não tem familiaridade com o assunto, mas não se preocupe.
Para facilitar o trabalho do gerente de riscos, o PMBOK define os processos essenciais para o desenvolvimento de um bom trabalho na área.
Vamos ver quais são eles?
Estabelecer Contexto
Ao se deparar com um risco em potencial dentro da produção, o primeiro passo deve ser o de avaliar qual é o contexto que existe por trás dessa incidência.
Aqui, você deve investigar as causas para definir se o risco se constitui como um contexto interno ou externo.
Entendemos como contexto externo aqueles causados por fatores culturais, políticos, legais, econômicos, sociais, entre outros.
Já os riscos de contexto interno têm origem em fatores inerentes à empresa, como estrutura organizacional, governança, acúmulos de função, métodos de produção, estratégias de negócio, entre outros.
Seja diligente aqui, pois essa fase será essencial para definir metas, objetivos específicos, atividades e responsáveis.
Identificação de Risco
Depois de identificar o contexto no qual o risco se encaixa, você deve iniciar o processo de identificação.
Aqui, é preciso fazer um mapeamento dos riscos individuais e gerais de todo o projeto, levantando o máximo de informações e características para que o gestor possa criar planos de ação adequados à demanda.
Uma dica para esse momento é recorrer a ferramentas como brainstorming e checklists para, assim, construir um panorama completo usando a força do coletivo.
Análise de Risco
Depois de especular sobre os possíveis riscos e levantar o máximo de informações possíveis sobre eles, é chegada a hora de avaliar o material que você coletou nas primeiras etapas.
Na fase de análise, o gerenciamento de riscos vai avaliar minuciosamente cada incerteza verificada, buscando entender qual a probabilidade daquilo acontecer no futuro.
Além disso, é essencial analisar quais serão as consequências – positivas ou negativas – com as quais a empresa deverá lidar caso o risco se concretize.
A boa realização desse passo é importantíssima, já que as conclusões trazidas pelo processo guiam a próxima etapa.
Planejamento de Estratégias
Até aqui, você preparou o terreno, avaliando quais são os riscos, os contextos e as probabilidades de que cada incerteza se tornar realidade.
Com base nas informações coletadas e analisadas, você deve estar preparado para traçar uma lista de prioridades de acordo com a urgência e as consequências de cada evento.
É na etapa de planejamento de estratégias que o gerente vai, então, definir quais são as respostas adequadas para lidar com cada caso, tratando os riscos individuais e gerais com equilíbrio de acordo com seus efeitos.
Também, é preciso ter um plano para lidar com as oportunidades, gerenciar as crises e reduzir os danos.
No caso dos riscos negativos, especificamente, é importante criar mecanismos capazes de prevenir a sua incidência no dia a dia.
Monitoramento de Riscos
Enfim, chegamos à última etapa do gerenciamento de riscos, que foca em monitorar as ocorrências.
Esse é um compromisso diário, que compõe a maior parte do gerenciamento de riscos.
Estamos falando das ações de acompanhamento do projeto, que vão identificar qual o melhor momento de agir e a melhor resposta para a demanda.
O momento pede, ainda, uma vigilância constante que possa verificar se os riscos continuam os mesmos ou se surgiram novas ameaças não previstas durante o planejamento do projeto.
Exemplos de Gerenciamento de Riscos em Empresas
Para facilitar a compreensão sobre tudo o que vimos até aqui no artigo, vale nos apoiarmos em situações hipotéticas de aplicação do gerenciamento de riscos.
E o primeiro exemplo que vamos utilizar vem de uma indústria do ramo de confeitaria.
Dentro desse segmento, a temperagem, processo de preparação do chocolate, exige uma atenção especial.
Para que o produto seque com brilho e corte perfeitos, ele deve ser aquecido a uma temperatura exata (que varia dependendo do tipo chocolate), depois resfriado até certa temperatura e novamente aquecido.
Como você deve ter percebido, o processo é delicado e sujeito a riscos, inclusive de o ponto ideal não ser alcançado.
Pensando nesse risco, que é grave para a produção, a confeiteira se certifica de ter um estoque extra de chocolate para o caso de a primeira temperagem não dar certo.
Isso é gerenciar o risco.
Longe das cozinhas, podemos pensar também em uma agência de marketing que efetua disparos de e-mail semanais para um de seus clientes.
Acontece que só um profissional da empresa está familiarizado e é responsável pela tarefa – o que causa uma confusão sempre que esse funcionário se ausenta.
Para mitigar o risco, o gestor da empresa precisa se certificar de distribuir o conhecimento entre sua equipe, garantindo que mais colaboradores saibam realizar o disparo dos e-mails.
É uma medida básica, mas serve para entender que não importa o tamanho do risco ou da solução exigida: ele precisa ser gerenciado.
Conclusão
Cada vez mais, o gerenciamento de riscos tem se tornado uma área fundamental para a empresa que quer garantir uma produção segura, sem gargalos ou desperdícios.
Os riscos existem em qualquer tipo de negócio e cabe ao gestor preparar seu time com as respostas adequadas para cada demanda verificada.
Ao se organizar e planejar para possíveis surpresas, a organização garante que saberá lidar com as ocorrências da melhor maneira possível.
O processo guia a empresa para uma posição mais segura, já que parte de um planejamento capaz de avaliar prioridades de acordo com as consequências de cada ocorrência.
E, no caso dos riscos positivos, é esse mesmo planejamento que indica qual é o protocolo que vai garantir que as oportunidades serão aproveitadas de maneira integral.
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