Você já aplica o método FMEA na segurança do trabalho?
Os benefício desse processo são vários, como iremos mostrar neste artigo.
FMEA é uma metodologia dedicada à análise dos modos de falha que, cada vez mais, tem ganhado mais espaço para garantir a qualidade da produção.
Dessa forma, aparece com contribuições em outras áreas, a exemplo da segurança do trabalho.
Sua abordagem ajuda o gestor a implementar processos mais eficazes durante todos os níveis da produção, possibilitando uma melhora significativa na eficiência geral da empresa.
Todas as suas ações giram em torno de diminuir a ocorrência de falhas, avaliando quais são as mais frequentes e eliminando suas causas sempre que possível.
Ela permite enxergar com antecedência o risco de alguns erros, sejam eles leves ou graves, o que dá à gestão a oportunidade de agir preventivamente, de modo a evitar que eles ocorram.
Para tanto, deve ser feita uma análise detalhada de todas as tarefas envolvidas no fluxo de trabalho estabelecido para fabricar o produto ou prestar o serviço.
Além de garantir maiores índices de qualidade na entrega, o método permite ainda uma avaliação criteriosa dos riscos para a segurança e saúde do trabalhador durante a operação.
Isso ocorre a partir do desenvolvimento de um plano de ação que não só é eficiente, como também seguro para todos os colaboradores envolvidos na manufatura e na montagem.
Somente quando os funcionários sabem exatamente quais são os limites e as expectativas quanto ao seu trabalho é que eles conseguem desempenhá-lo de maneira plena e satisfatória.
E o resultado disso não só garante a satisfação dos clientes, como também dá maior segurança para o trabalhador desempenhar suas funções.
Desde o uso de materiais de segurança até o estabelecimento de jornadas de trabalho compatíveis com a intensidade das atividades desempenhadas: são diversos os argumentos pela aplicação do FMEA na segurança do trabalho.
Variados também são os benefícios de quem aplica a metodologia e, com ela, consegue agir de maneira preventiva para evitar acidentes, visando à saúde e bem-estar dos trabalhadores em todas as etapas da produção.
A partir de agora, você tem mais informações sobre esse método tão importante, sua relação com a segurança do trabalho e, ainda, confere um passo a passo para aprender a aplicar o FMEA na sua empresa.
O que é o FMEA?
FMEA é um método composto por uma série de estratégias focadas em minimizar a ocorrência de falhas dentro de uma linha de produção.
O nome é, na verdade, uma sigla em inglês, Failure Mode and Effect Analysis, que se traduz literalmente para Análise de Modos e Efeitos de Falha.
Como muitos outros termos relacionados à engenharia de produção, esse surgiu no período pós-Segunda Guerra Mundial.
O primeiro registro de seu uso dentro do contexto que conhecemos hoje foi feito em 1949, ainda com o nome de Procedures for Performing a Failure Mode, Effects and Criticality Analysis (algo como “procedimentos para executar modos de falha, efeitos análise crítica”).
Em sua origem, a metodologia foi pensada para detectar falhas e melhorar a eficiência de máquinas e equipamentos industriais. Rapidamente assumindo um papel importante na engenharia da qualidade.
Com o passar do tempo, o FMEA foi se expandindo até ganhar a forma que tem hoje, de um método eficaz e que pode ser aplicado em fábricas, comércios, na prestação de serviços diversos e também na segurança do trabalho.
O seu emprego visa agir de maneira preventiva, investigando quais seriam as possíveis causas das falhas mais comuns para minimizá-las a partir da extinção das situações-gatilho.
Também busca estudar os efeitos que se desdobram dessas falhas, pois eles fornecem pistas valiosas sobre qual caminho tomar na hora de otimizar os processos de uma empresa.
Na prática, o FMEA ajuda o gestor a priorizar as tarefas, entendendo qual falha/causa deve ser o foco do trabalho primeiro.
O método sugere que seja feito um registro das falhas mais comuns com número de ocorrências e os efeitos trazidos por elas.
Em um segundo momento, essas informações serão catalogadas de acordo com a gravidade de seus efeitos.
A partir desses dados, será preciso fazer uma análise.
A intenção aqui é interpretar qual falha deve ser atendida primeiro, de acordo com o risco que ela oferece para os trabalhadores e para a empresa de maneira geral.
Mais adiante no texto, você vai poder aprender como calcular com exatidão a prioridade de acordo com o risco.
O que é a Segurança do Trabalho
Conhecemos como segurança do trabalho o conjunto de normas e diretrizes que tem como objetivo minimizar – quando não for possível eliminar completamente – a ocorrência de acidentes dentro do ambiente corporativo.
Além de promover mecanismos para garantir e controlar a segurança, suas ações visam proteger o trabalhador durante o desempenho de suas atividades, promovendo sua saúde de forma geral e oferecendo condições para o seu bem-estar e qualidade de vida.
Dito de outro modo, fazem parte do escopo da área todas as ações que têm como objetivo manter a integridade física do trabalhador, assegurando, por consequência, a sua capacidade produtiva.
A história da segurança do trabalho no Brasil é relativamente tardia, começando a ganhar corpo apenas durante a Era Vargas.
Por conta desse atraso, os números da época eram aterrorizantes e colocavam o país no ranking dos que mais registravam acidentes e morte no trabalho no mundo todo.
Com a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), em 1943, o governo buscava formas de melhorar as condições dos trabalhadores e reduzir os números de acidentes que assolavam a classe.
Posteriormente, os esforços de Vargas seriam sistematizados na Lei 8213, que regulamentou os planos de benefícios, como a Previdência Social.
Mas foi apenas 35 anos depois, com a criação das Normas Regulamentadoras, em 1978, que as empresas ganharam um guia preciso de como o ambiente de trabalho precisa ser estruturado para garantir a segurança e a saúde dos seus colaboradores.
Hoje, a área é descrita oficialmente pelo Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT).
Tem regulamentação baseada em uma portaria do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a Norma Regulamentadora nº4 (NR-4).
Além disso, empregadores devem se certificar para que suas empresas atendam também às diretrizes estabelecidas pelas convenções internacionais da Organização Internacional do Trabalho (OIT), ratificadas pelo Brasil.
A partir de todas essas regulamentações, o gestor deve, então, adotar um sistema de gestão de saúde e segurança ocupacional (OSS).
Hoje, o OSS mais conhecido e largamente adotado é o ISO 45001, que orienta sobre como prover uma estrutura adequada para gerenciar os riscos que ameaçam o funcionário, ao mesmo tempo em que gera valor para a empresa.
Benefícios do FMEA de Processo na Segurança do Trabalho
São quatro os principais tipos de FMEA que podem ser aplicados para analisar e otimizar as ações de uma empresa: FMEA de Sistema, de Projeto, de Processo ou de Interfaces.
Para a segurança do trabalho, o mais relevante é o FMEA de Processo e, por isso, deve ser o foco de suas ações.
Antes, é preciso que fique claro que entendemos por “processo” o sistema de ações inter-relacionadas e codependentes necessárias para gerar valor de venda para o consumidor.
Elas estão presentes tanto na manufatura de produtos como na prestação de serviços, e são essenciais para garantir uma produção alinhada, com resultados confiáveis e que permitam projeções para o futuro.
O termo FMEA de Processo representa a abordagem do método que se volta, especificamente, para a investigação das falhas dentro de um processo, rastreando a frequência e a fonte dessas ocorrências para poder eliminá-las.
Quando falamos de segurança do trabalho, nos referimos à importância de mitigar ou eliminar totalmente os riscos da produção para assegurar a saúde e o bem-estar dos trabalhadores.
E é justamente aí que conceito se encontra com o FMEA.
O método permite uma análise dos riscos e seus efeitos que é essencial para que cada situação perigosa seja avaliada e extinguida.
Como já é consolidado, ele dá ao gestor maior confiança nos resultados obtidos.
Com a certeza de que os dados ali descritos correspondem à realidade, ele tem mais material útil em mãos para tomar suas decisões.
Ainda, o método FMEA permite uma visualização rápida para que mudanças sejam feitas o quanto antes, de acordo com a gravidade de suas consequências.
Enfim, a prática conta com uma abordagem sistemática. capaz de relacionar todas as variáveis e que permite uma análise científica do cenário atual.
Como Aplicar o FMEA na Engenharia da Segurança do Trabalho
São diversas as ferramentas que podem ser usadas na aplicação do FMEA na engenharia da segurança do trabalho.
Antes de começar o trabalho, porém, é preciso que a empresa tenha estabelecida a sua Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA).
Regulamentada pelos artigos 162 e 165 da CLT, e pela Norma Regulamentadora nº 5 (NR-5), a CIPA é obrigatória em empresas que tenham mais de 20 funcionários.
Ela funciona como um dispositivo de apoio disponível para todos os trabalhadores, com foco na prevenção de acidentes e doenças no ambiente profissional.
No encontro com FMEA, a segurança do trabalho deve começar a ser planejada com uma Análise Preliminar de Risco (APR), que consiste em realizar estudo prévio sobre as ameaças existentes na produção.
Depois disso, uma Análise de Árvore de Falhas (AAF) pode ser empregada para identificar as possíveis causas, investigando a partir dos riscos detectados na etapa anterior.
A Análise dos Modos de Falha e Efeitos (FMEA) acontece, finalmente, com o gestor ou coordenador do CIPA avaliando os dados coletados para montar o plano de ação.
Passo a Passo para a Aplicação dessa Metodologia
O FMEA é um método que permite uma avaliação dos riscos e seus efeitos para, a partir disso, promover as mudanças necessárias.
Ainda que seja bastante aprofundado em sua análise, a aplicação pode ser feita de maneira descomplicada, ao seguir um passo a passo simples.
Abaixo, você conhece as etapas envolvidas para fazer você mesmo uma análise de modos de falhas e efeitos.
Passo 1: Modo de Falha
Esse é ponto de partida para começar a utilizar o FMEA como método para diminuir os riscos e garantir a segurança do trabalho.
Crie uma planilha onde serão registradas todas as informações, usadas mais tarde para entender por onde começar a agir.
A CIPA deve ser chamada para participar ou até mesmo coordenar esse processo.
Assim, você precisa listar todas as falhas (riscos, nesse caso) possíveis dentro da linha de produção, tentando identificar os efeitos para a empresa e seus funcionários.
Passo 2: Efeito Potencial
Na segunda etapa, as possíveis consequências dos riscos devem ser analisadas.
Esse passo é dedicado especificamente aos efeitos dos modos de falha, buscando compreender o que cada ocorrência pode acarretar para os trabalhadores e para a organização.
Aqui, é importante descrever com detalhes os desdobramentos de cada falha.
Durante todo o processo, se certifique de que o registro dos dados acontece de maneira clara e sistemática, para facilitar a visualização posterior.
Passo 3: Grau de Severidade
O grau de severidade diz respeito à gravidade das consequências que cada risco potencialmente apresenta para o todo do processo.
O cálculo que vai determinar o peso de cada falha deve ser realizado por um engenheiro ou técnico especializado na segurança do trabalho.
Esse momento será essencial para descobrir o Número Prioritário de Risco (NPR), calculado em um segundo momento.
Então, uma classificação de 1 a 10 é atribuída para cada risco, de acordo com o perigo que representa para a segurança do trabalhador.
A etapa é especialmente importante porque é a partir da classificação que o gestor ou a CIPA poderá desenvolver um plano de ação, priorizando os aspectos mais urgentes.
Passo 4: Causas potenciais da falha
No quarto passo, as causas potenciais dos riscos levantados serão a bola da vez.
Agora, serão determinadas quais ações devem aplicadas para corrigir os erros que foram detectados anteriormente.
É preciso criar um registro verossímil dos possíveis motivos por trás de cada falha para, a partir disso, avançar para a próxima fase sem grandes tropeços.
A veracidade dessas informações é, portanto, o que vai determinar o sucesso ou fracasso de todo o processo.
Passo 5: Ocorrências
A coluna de ocorrências na sua tabela de FMEA deve ser preenchida com a frequência em que as falhas/riscos foram registradas dentro de um recorte temporal.
O período de análise é subjetivo e depende da demanda de trabalho da empresa.
O mais importante é poder contar com um volume considerável de dados que permita uma análise assertiva.
Determinado o índice de ocorrência, você poderá finalmente calcular o NPR para entender o que deve ser prioridade na ordem do dia.
Passo 6: Detecção
Na fase de detecção, começamos a entrar propriamente no planejamento das mudanças que serão feitas na empresa.
Aqui, devem ser colhidas informações sobre como as falhas/riscos são detectadas dentro do processo.
Busque entender se é possível percebê-las com antecedência e, ainda, em qual fase da produção que os efeitos começam a aparecer.
Essa análise permite traçar as diretrizes para que o profissional saiba o que fazer caso seja confrontado por uma ocorrência em seu cotidiano.
Passo 7: Índice de risco
Por fim, o Índice de Risco é o produto resultante do cruzamento das informações de severidade, ocorrência e detecção, subtraindo-se o valor de NPR.
Ele serve como um termômetro que vai indicar a necessidade de desenvolver ações corretivas de acordo com os mecanismos de priorização que você usou até aqui.
Quanto maior for o número indicado no índice, mais urgente deve pensar em soluções e desenvolver maneiras de prevenir que novas ocorrências venham a acontecer.
Exemplos de FMEA na Engenharia da Segurança do Trabalho
Como já destacado até aqui, o FMEA é um método bastante útil para evitar falhas que comprometam a integridade da empresa.
Mais especificamente dentro da engenharia da segurança do trabalho, as normas internacionais ISO ganham maior assertividade se tiverem sua implementação guiada pelo método.
É o caso da ISO 9001, que fala da mentalidade de risco como um mecanismo que habilita a empresa a detectar fatores que podem comprometer a qualidade da produção ou a saúde dos trabalhadores, indicando caminhos para agir preventivamente.
Complementar, a ISO 14001 descreve as diretrizes para garantir uma gestão dos riscos legais e aspectos ambientais, internos e externos, para certificar de que a empresa interage de maneira respeitosa e saudável com a comunidade e com seus funcionários.
Conclusão
Como metodologia voltada para a análise dos modos de falha e seus efeitos, o FMEA é uma ferramenta ideal para favorecer a segurança dos trabalhadores no ambiente profissional.
Sua abordagem parte das falhas (riscos, nesse caso) para investigar seus possíveis efeitos e criar maneiras de mitigar as ocorrências, quando não for possível eliminá-las completamente.
Ainda, o método permite criar prioridades de acordo com o risco e frequência de cada ocorrência, indicando o caminho ideal para pensar em um plano de ação.
Apesar da chegada tardia no Brasil, o conceito de segurança do trabalho evolui muito pelas décadas, encontrando no FMEA um aliado poderoso para garantir a aplicação de suas normas e diretrizes.
Aplique ele em sua empresa e observe uma produção mais segura e confiável, com segurança durante todo o processo.
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OBRIGADA POR ISTO. MARAVILHOSO !!!