O fluxo contínuo no Lean é a aplicação prática do conceito Just-In-Time (JIT), em que a produção é puxada pela demanda.
Mas o que isso significa, exatamente?
Como orientar o quanto se produz a partir de uma demanda que pode ser variável?
Nesse caso, precisamos trabalhar com dados extraídos das vendas.
Ou seja, é a partir do quanto se vende que a produção será orientada.
Embora haja um esforço de marketing para se vender mais, isso não será um problema, desde que a capacidade produtiva possa ser alinhada.
Só assim uma indústria será capaz de aplicar o conceito de produção enxuta, conforme as técnicas e ferramentas defendidas pelo Lean Manufacturing.
Entenda o que isso quer dizer e os seus impactos em termos de produtividade e eficiência lendo este texto até o final!
O que é fluxo contínuo no Lean Manufacturing?
Fluxo contínuo no Lean Manufacturing equivale ao ajuste da produção e dos seus processos, de modo que só se fabrique na exata medida em que se vende.
É quase como “fazer ao vivo”, com o consumidor sendo atendido na hora em que pede, conforme as suas preferências.
No setor de serviços isso não chega a ser um problema tão grande, já que na maioria das vezes o “produto” é preparado na hora.
Já nos outros setores, é preciso lançar mão de ferramentas de gestão para estimar o quanto será produzido, de modo que nada sobre no estoque.
É disso que trata o fluxo contínuo, que consiste em produzir somente o que pode ser vendido imediatamente ou algo muito próximo disso.
Para que serve o fluxo contínuo no Lean?
O objetivo principal do fluxo contínuo é otimizar a capacidade produtiva de modo a evitar o excesso de produção.
Aliás, esse é um dos 8 desperdícios previstos pelo Lean Manufacturing, que, além deste, busca evitar as perdas em:
- Movimentos
- Espera
- Defeitos
- Conhecimento
- Estoque
- Processamento
- Transporte.
Ao evitar a produção excessiva, a empresa poupa boa parte dos custos com estoque, que por sinal, são dos mais altos.
Estima-se que, até 2027, os custos com armazenagem globais (dados em inglês) poderão chegar a US$ 16,15 por unidade, contra os US$ 14,59 apurados em 2021.
Portanto, ao produzir conforme a demanda, esses custos podem ser minimizados e até eliminados, dependendo da precisão do fluxo contínuo.
Vantagens do fluxo contínuo para as empresas
De certa forma, o fluxo contínuo defende o estoque mínimo.
Além de reduzir e até eliminar o custo com armazenagem e inventário, uma série de outras despesas podem ser cortadas por esse conjunto de práticas.
A demanda por transporte, por exemplo, pode até deixar de existir quando não se trabalha para escoar aquilo que está armazenado.
Isso sem contar que, ao produzir de acordo com a demanda, a empresa disciplina os seus processos de maneira a atender precisamente às exigências do consumidor.
Dessa maneira, a satisfação tende a aumentar, melhorando o valor da marca (brand equity), com ganhos em fidelização e receitas recorrentes.
Como implementar o fluxo contínuo na produção?
O fluxo contínuo de produção depende de dados para ser implementado.
Com ele, a empresa abandona o método tradicional de produção, baseado em quantidade de itens, para dar lugar ao JIT.
Ou seja, se houver demanda para apenas um produto por dia, será isso que ela vai produzir e nada mais.
Certamente isso representa um enorme desafio para as empresas habituadas ao modelo em que a produção é que puxa a demanda.
O esforço compensa, se considerarmos as vantagens que já conhecemos, sem contar os ganhos em eficiência.
Lembrando que, para ser efetivamente implementado, o fluxo contínuo demanda a orientação de especialistas na metodologia Lean ou Lean Six Sigma.
Confira a seguir como isso é feito em três etapas básicas.
Apure o seu takt time
Takt Time é um termo que, em tradução livre, significa ritmo de produção.
Ou seja, para que o fluxo seja contínuo, é preciso antes definir um ritmo para que ele atenda à demanda sinalizada pelo mercado.
O cálculo do takt time pode ser feito dividindo o tempo disponível para produção pelas unidades de produção demandadas.
Isso quer dizer que, se o seu Takt Time é de um dia, a empresa deverá fabricar um item por dia, já que essa é a demanda apurada.
Atenção porque o Takt Time é uma medida diferente do Tempo de Ciclo e o Tempo de Lead.
O primeiro diz respeito ao tempo que a equipe de produção leva para finalizar o produto acabado.
Já o Tempo de Lead equivale ao tempo que corre entre um pedido e a entrega do produto para o cliente.
Nivele a produção
Seria perfeito se houvesse uma linearidade na demanda, mas na vida real não é assim que acontece.
Para se antecipar às oscilações naturais nas vendas, a ferramenta Heijunka é a melhor forma de assegurar o fluxo contínuo.
Consiste em dois tipos de cálculo de nivelamento para definir o quanto será produzido: por volume ou por tipo.
Se quiser saber mais sobre essa técnica, contamos em detalhes em um artigo exclusivo sobre Heijunka aqui no blog.
Corrija as imperfeições
Não basta apenas produzir na quantidade exigida pelo consumidor.
Acima de tudo, é necessário garantir a qualidade que ele espera e merece, de modo que o fluxo seja sempre contínuo.
Nesse sentido, a metodologia Lean usa a ferramenta Jidoka de correção de imperfeições, por meio de quatro etapas:
- Detecção de uma anomalia
- Interrupção da produção
- Resolução do problema mais imediato
- Posterior Investigação e correção da causa raiz.
Conclusão
O fluxo contínuo no Lean pode não fazer milagres, mas certamente aproxima a empresa da perfeição em seus processos produtivos.
Para que seja implementada, ela requer a participação de profissionais extremamente qualificados, principalmente na metodologia Lean Six Sigma.
Que tal ser um deles, capacitando-se nos cursos presenciais e EAD da EDTI?