Pode até parecer que desperdício de superprodução é um contrassenso, já que, se há uma produção grande, como ela pode ser desperdiçada?
Na verdade, essa é apenas uma forma comumente usada para se referir ao real problema, que é o desperdício causado pela superprodução.
Não por acaso, esse é um dos sete tipos de desperdício previstos na metodologia Lean. Como tal, ele deve ser combatido por meio de técnicas e ferramentas de redução de perdas e de controle da qualidade.
Esse conhecimento você vai adquirir a partir de agora, basta prosseguir na leitura deste conteúdo.
O que é desperdício de superprodução?
Desperdício de superprodução é um tipo de perda que acontece quando a empresa produz mais do que a demanda é capaz de absorver, portanto, a maneira mais adequada de mencionar esse problema seria “desperdício na superprodução”.
Entre os 7 desperdícios Lean, esse talvez seja o que mais prejudica as boas práticas.
Isso porque ele contraria o princípio básico da produção enxuta, ou seja, a produção orientada pela demanda.
Portanto, a superprodução é um mal a ser eliminado por meio de ações coordenadas, com base nos métodos Lean.
Quais os prejuízos do desperdício de superprodução?
O principal problema causado pela superprodução é a perda de produtos que não encontram compradores.
A questão é ainda mais crítica quando se lida com produtos perecíveis, tais como alimentos, cosméticos e medicamentos.
Produzir em excesso é também um problema operacional, pois significa que a empresa está usando sua capacidade produtiva sem necessidade.
Assim, ela acaba aumentando seus próprios custos, sem que haja uma expectativa de retorno.
Outro problema é que, ao produzir além do que o mercado é capaz de absorver, ela acaba ocupando mais espaço nos estoques.
Assim, gera ainda mais custos com armazenamento, transporte e a manutenção do próprio espaço de estocagem, bem como da sua mão de obra.
Como evitar o desperdício de superprodução?
Produzir além da conta é um problema também porque, no longo prazo, a empresa se vê em apuros para dar vazão à produção que não saiu dos seus estoques.
Ela vai ter que lidar com um alto custo para dar destino aos produtos encalhados, que podem ir parar no lixo em último caso.
Há também a questão do esgotamento das matérias primas e insumos utilizados, os quais podem fazer falta no futuro próximo.
São razões que justificam plenamente o combate à superprodução, por meio das medidas que vamos apresentar a seguir.
Implemente um ERP
Enterprise Resources Planning, ou ERP, é um tipo de sistema de gestão cuja finalidade é integrar processos e setores que operam de forma independente.
Trata-se de um recurso fundamental para evitar o excesso de produção, justamente porque é por ele que setores como estoque, compras e vendas podem interagir.
Com um ERP, a empresa ganha uma visão mais ampla sobre seus processos e, principalmente, sobre o comportamento do mercado.
Assim, ela pode antecipar a demanda, ajustando sua produção para atendê-la na medida certa.
Conte com um PCP
Já falamos por aqui dos benefícios em implementar um Planejamento de Controle e Produção (PCP).
Essa é uma ferramenta de gestão essencial porque, por ela, a empresa aborda dois pontos cruciais: a previsão de vendas e a capacidade produtiva.
Conhecendo a demanda a ser atendida, ela consegue se planejar para produzir na exata quantidade para suprir o seu mercado.
Conhecendo sua real capacidade produtiva, ela pode ajustar seus processos para dar conta da produção.
Cuide da gestão do estoque
Como vimos, a superprodução é um problema porque ela sobrecarrega os estoques.
Embora o estoque em si não tenha um efeito direto na superprodução, ele pode servir como um anteparo, minimizando os prejuízos.
A empresa pode, enquanto ajusta a sua produção, reservar uma área do estoque para armazenar eventuais excessos enquanto o problema não é solucionado.
Se trabalhar com perecíveis, pode até providenciar espaços destinados ao armazenamento de longo prazo, equipados com freezers, se for o caso.
Claro que todas essas são medidas paliativas, já que, com uma produção ajustada à demanda, o estoque acaba sendo menos exigido.
Adote o Just-In-Time
Just-In-Time (JIT) é um dos pilares da Casa Lean, da qual também já falamos aqui no blog.
Sua adoção traz grandes vantagens, pois além do ajuste da produção à demanda, ele leva a força de trabalho a produzir com muito mais agilidade e disciplina.
Para implementá-lo, é preciso um treinamento intensivo, a fim de aumentar a precisão no tempo de preparação.
Ou seja, cada etapa do processo produtivo deve ser rigorosamente cronometrada.
O tempo é importante no JIT, assim como o espaço, que deve ser organizado conforme o Guia 5S.
Invista em treinamento em Lean Six Sigma
As técnicas que vimos fazem parte da metodologia utilizada pelas empresas que pretendem diminuir o desperdício em todos os seus níveis, a Lean Six Sigma.
Contar com colaboradores treinados nesse método traz vantagens incomparáveis, já que abre caminhos para a qualidade total.
Dessa forma, a superprodução deixa de ser um problema e a empresa passa a focar apenas no seu próprio aperfeiçoamento, por meio da melhoria contínua.
Conheça os demais desperdícios do Lean
Além da superprodução, a metodologia Lean prevê outros seis excessos:
- Espera
- Processamento
- Estoque
- Transporte
- Movimentação
- Correção.
Conclusão
O desperdício de superprodução é certamente um grande problema, que pode ser ainda pior quando os gestores não se apercebem disso.
Não demora muito e eles começam a ter sérias dificuldades para escoar a produção e gerir seus estoques cada vez mais abarrotados.
Uma maneira de evitar o excesso de produção é qualificar-se como gestor Green Belt ou Black Belt Lean Six Sigma.
Isso você consegue nos cursos presenciais e EAD da Escola EDTI, sua principal referência no ensino em Seis Sigma!