Hoje quero trazer um tema bastante interessante e recorrente nas empresas: análise estatística. Esta ciência está presente em quase todos os estudos que encontramos no mundo corporativo, mas de um jeito perigoso. Vou contar neste artigo um relato daquele amigo meu, o Joãozinho. Lembram-se dele?
Esta semana o João me ligou indignado.
Ele estava comentando sobre uma pesquisa de clima organizacional que sua equipe de RH havia contratado. A ideia do RH com tal pesquisa era entender se a satisfação dos funcionários havia aumentado de um ano para o outro. Assim que saíram os resultados, o pessoal de algumas áreas começou a comemorar. Um gestor ficou feliz porque tinha visto que a satisfação sua área tinha crescido 8 pontos percentuais, o que na sua visão, era um baita crescimento.
Querendo compartilhar deste importante resultado, o gestor foi até o João mostra-lo.
Ele estava muito feliz e queria que o João pagasse um churrasco para sua equipe a fim de comemorar a conquista. Joãozinho, desconfiado que é, resolveu ler a pesquisa com cuidado para entender se o resultado deveria ou não ser comemorado. Logo na segunda página ele levou um susto. A pesquisa só tinha relevância estatística para amostras com tamanho maior que 30 respostas. A equipe do gestor que estava comemorando tinha 26 respondentes.
Vendo isto, João mostrou ao seu gestor que ele não poderia comemorar algo sem significado estatístico e que não merecia o churrasco. A variação de 8% não era significativa. Depois deste, veio outro gestor com um caso parecido. O outro gestor tinha uma equipe de 49 funcionários e um resultado 10% melhor de um ano para outro. Ao ler a pesquisa, João também notou que sua margem de erro um tamanho de amostra de 50 era de 15%, ou seja, não se podia concluir nada sobre a melhora de 10% que o gestor obteve. João é fogo né! Ele vai à minúcia, gosta de estudar e entender as coisas antes de sair comemorando.
Assim, João resolveu perguntar ao RH o porquê pagar uma consultoria por um estudo que só se aplicava para amostras acima de 50 pessoas, sendo que seus times dificilmente alcançavam este número? Porque a consultoria foi malandra e o RH foi displicente. Ficou claro que nenhum funcionário de seu RH tinha estudado a fundo à metodologia que estava contratando e por isto, investiram um bom dinheiro em um serviço que não lhes seria útil, a menos que fechassem os olhos para a estatística, se auto enganando. Por isto, cuidado! Fiquem atentos com as pesquisas que vemos por aí e treinem suas equipes em estatística. Vale a pena dominar esta ciência para não ser enganado. Vamos com tudo e ótimo carnaval.