O Jidoka é conhecido por ser uma das principais ferramentas do Sistema Toyota de Produção.
Trata-se de um método antigo, utilizado há mais de um século para reduzir os desperdícios e otimizar o fluxo de trabalho da produção.
Em sua aplicação, a ferramenta permite ao profissional criar mecanismos de automação para melhorar a qualidade de suas entregas.
Para isso, as máquinas são programadas para que possam detectar anomalias no processo, dando autonomia aos sistemas para que pausas automáticas sejam feitas quando um erro ou desvio do padrão for verificado.
Os trabalhadores também têm um papel fundamental nesse processo.
Um dos objetivos ao implementar o Jidoka é criar consciência da qualidade em todas as etapas da produção e capacitar as pessoas para que sejam capazes de identificar erros.
Para alcançar essa meta, é preciso garantir que elas tenham autoridade e autonomia para julgar a qualidade e parar a produção, se assim for necessário.
Por todas as suas contribuições na área da qualidade e desenvolvimento de uma produção enxuta, o Jidoka é hoje considerado como um dos pilares do Lean Manufacturing, uma das fundações do principal parâmetro de produção enxuta, a Casa Lean.
Continue lendo para saber mais sobre essa importante ferramenta e entender como ela pode ajudar a alcançar os melhores resultados.
O que é Jidoka?
O conceito de Jidoka tem origem no Japão pós-guerra e surge dentro das iniciativas para aumentar a eficiência da indústria do país, então arrasado pelo conflito.
Na língua japonesa, o termo significa “automação com toque humano”.
Na prática, Jidoka designa o uso de máquinas no fluxo de trabalho, associando esse uso ao raciocínio humano.
O método propõe uma programação dos equipamentos para que eles consigam identificar eventuais defeitos e desvios, paralisando a produção para evitar maiores prejuízos.
Essa automação com toque humano foi responsável por uma revolução no processo de industrialização no século XX.
Na verdade, o Jidoka sempre esteve diretamente relacionado ao controle de qualidade.
A qualidade, por sua vez, é um conceito fundamental na indústria, determinando o quão bem aceitos seus produtos serão no mercado.
Com o Jidoka, pela primeira vez as máquinas não precisavam mais da supervisão constante dos operadores para garantir as entregas.
Programados para uma autoinspeção, os equipamentos se tornam capazes de verificar a qualidade de suas próprias entregas, apontando para a ocorrência de erros.
Com isso, a eficiência da produção como um todo aumentou e os resultados, conforme esperado, melhoraram.
Agora, um único operador poderia ficar responsável por diversas máquinas ao mesmo tempo, reduzindo os investimentos em mão-de-obra.
Essa automatização aliada à inteligência humana – por vezes chamada de autonomização – aumentou a capacidade produtiva ao introduzir o conceito de multiprocessamento.
Quais os princípios do Jidoka?
A essa altura, você já entendeu o que é o Jidoka e como esse conceito pode ajudar a garantir resultados que podem beneficiar todas as etapas em processos produtivos.
Por outro lado, como aplicar essa ferramenta e ter os resultados esperados?
A técnica é comumente dividida em quatro princípios, que definem as ações que acompanham o desenvolvimento do Jidoka.
A seguir você conhece com detalhes cada um deles.
Descoberta
Em um primeiro momento, a descoberta de uma anormalidade é o gatilho que vai dar início ao processo de implementação do Jidoka.
Os profissionais precisarão ainda adquirir a autonomia necessária para identificar, durante a produção, os erros que possam vir a ocorrer.
A partir disso, é preciso automatizar as máquinas para que elas também consigam fazer essa autoinspeção, introduzindo o controle da qualidade como parte integrante do processo.
Parada
Feita a primeira análise e identificado o erro que pode comprometer a produção, o próximo passo é paralisar a produção por completo.
Esse tempo serve para garantir que as medidas serão tomadas no sentido de normalizar o fluxo.
Resolução
Identificado o problema, é hora de colocar a mão na massa e resolvê-lo.
Para isso, é preciso que a empresa tenha definido algum tipo de rotina de manutenção corretiva.
Com o Jidoka, a manutenção é mais fácil porque, como vimos, as máquinas se encarregam do trabalho mais pesado, restando aos trabalhadores apenas a tarefa de supervisão e correção dos erros.
Investigação
Nenhum esforço para controle da qualidade será satisfatório se não houver uma intenção de estabelecer uma cultura de melhoria contínua.
Por isso, o sucesso do Jidoka depende do bom uso do tempo, que deve ser reservado para investigação do problema e detecção da causa raiz.
Como funciona o pilar Jidoka?
Desde que foi apresentado pela primeira vez, o Jidoka tem se mostrado uma importante ferramenta para garantir a eficiência e produtividade.
É uma ferramenta a mais para garantir a qualidade ainda na fonte, agregando valor em todos os processos.
Em japonês, o termo “jido” é usado para descrever uma máquina que se move por conta própria – em outras palavras, que funciona de maneira automatizada.
Ao acrescentar o “ka” ao final da palavra, o Toyotismo criou o conceito “automação com toque humano” para descrever máquinas que poderiam funcionar sem a supervisão de um operador.
O Jidoka é um dos pilares de uma produção Lean, estabelecendo a fundação sobre a qual o Pensamento Enxuto será desenvolvido como parte da cultura organizacional.
Para isso, é preciso também garantir a implementação de um outro conceito básico no Lean, o Just-in-Time (JIT), ou seja, a produção sob demanda.
Enquanto o JIT se preocupa em reduzir os desperdícios de tempo entre uma tarefa e outra, o Jidoka fica responsável por minimizar os erros que levam ao desperdício de recursos.
Para que isso não aconteça, as máquinas devem estar configuradas para realizar rotinas de auto inspeção, garantindo a qualidade em 100% das entregas.
Nesse novo cenário, o trabalho humano se limita a corrigir e investigar os erros que forem apontados pela automação.
Em geral, essas notificações se dão por meio de dispositivos Andon, que podem ser avisos sonoros ou luminosos.
A comunicação se estabelece com a convenção de símbolos e códigos de cor e números para indicar o tipo e a gravidade do erro que foi verificado.
Qual a diferença entre Jidoka e Poka-Yoke?
Não é raro que até mesmo profissionais experientes tenham dificuldade em distinguir entre Jidoka e Poka-Yoke, dadas as muitas semelhanças conceituais.
A principal delas é o objetivo.
Enquanto os dispositivos Jidoka são desenvolvidos para que a máquina pare de produzir ao detectar erros, nos do tipo Poka-Yoke, o objetivo é evitar que esse erro aconteça.
Aliás, o tipo de erro com o qual cada um dos equipamentos lida é diferente.
No Jidoka, as máquinas são paradas ao serem detectados erros na produção.
Já no Poka-Yoke, o foco são os erros causados pelas pessoas.
A automação no Jidoka está a serviço da detecção de falhas nos processos, desencadeando rotinas de parada e inspeção.
Por sua vez, no Poka-Yoke, ela se presta a antecipar a ocorrência desses erros, por meio de dispositivos de contenção, sinalização e avisos sonoros.
Qual a diferença entre Jidoka e Just-in-Time?
O processo evolutivo da indústria tem exemplos interessantes de metodologias que nasceram a partir de conceitos antes restritos ao chão de fábrica.
Os ERPs, por exemplo, são uma evolução dos antigos Material Resources Planning, que eram programas utilizados para planejar os materiais que seriam usados em uma linha de produção.
Jidoka e Just-in-Time têm uma relação parecida.
Criado em 1918, o conceito Jidoka foi a inspiração que deu início, por volta dos anos de 1950, à criação de uma nova concepção para a produção industrial, o Just-in-Time.
O primeiro a perceber isso foi Kiichiro Toyoda, que começou a desenvolver os primeiros esboços do JIT.
Com base no Jidoka, ele expandiu o controle de qualidade que, antes, era restrito apenas ao chão de fábrica e aos processos dentro da indústria.
Por isso, o JIT é um conceito e uma ferramenta que engloba não só a produção, como toda a cadeia de suprimentos, garantindo assim o fluxo contínuo com base na demanda.
Benefícios do Jidoka
O Jidoka traz diversos benefícios porque garante que a produção só terá sequência se certos parâmetros forem respeitados.
A primeira pergunta que pode vir à cabeça de quem se depara com a ferramenta pela primeira vez é: será que vale mesmo a pena interromper a produção toda vez que um desvio no padrão for verificado?
A resposta curta para essa pergunta é: sim, vale a pena.
Como dissemos, o Jidoka é um dos pilares do Lean Manufacturing, que por sua vez busca melhorar a eficiência reduzindo o desperdício.
De qualquer forma, a aplicação dessa filosofia depende da capacidade da empresa de manter o padrão de qualidade no chão de fábrica.
E é justamente nesse sentido que o Jidoka entra em ação.
A sua prática tem o potencial de sustentar fluxos produtivos estáveis e contínuos, garantindo que nenhum desvio seja reproduzido no dia a dia por falta de atenção.
A pausa nas atividades sempre que um erro é detectado é o que previne, então, que lotes inteiros sejam comprometidos e acabem defeituosos.
Esse processo garante a diminuição do desperdício, já que os erros são detectados antes que seja tarde demais.
Dessa forma, a empresa tem uma economia de insumos e de dinheiro, já que não precisa se preocupar com devoluções e recalls.
Essa autonomização garante também uma maior produtividade, já que um só profissional é capaz de guiar a operação de diversos equipamentos ao mesmo tempo.
Como a inspeção torna-se um processo automático, as entregas passam a ter uma qualidade muito maior, o que certamente transparece para os clientes na hora da compra.
Por fim, os esforços de Jidoka como base da produção se transformam em vantagem competitiva, pois o produto chega às gôndolas com maior rapidez e qualidade.
Como surgiu o Jidoka?
O Jidoka faz parte das iniciativas do Lean Manufacturing desenvolvidas por Sakichi Toyoda, fundador da Toyota e inventor do famoso sistema de produção homônimo.
Acredita-se que o primeiro uso da ferramenta, porém, foi muito anterior, de 1896.
Em sua origem, o Jidoka tinha a forma de um dispositivo simples capaz de parar um tear automático caso a linha se rompesse – evitando assim a produção de metros de tecido com defeito.
Extremamente inovadora, a ferramenta logo chamou atenção do resto do mundo.
Alguns anos depois, a venda de sua patente para uma empresa do Reino Unido ajudou a financiar a fundação da Toyota.
O novo sistema de produção ganhou ainda destaque no contexto pós-guerra, época em que o Japão buscava métodos para aumentar sua produtividade e recuperar a economia.
Na época, o país se encontrava arrasado por quase uma década de conflito armado que deixou suas indústrias em meio à escassez de insumos.
Assim, o governo japonês se voltou para os profissionais da engenharia e industrialistas na busca por soluções para aumentar a produtividade aliada à economia de recursos.
É nesse contexto que o Sistema de Produção Toyota se consolida, tendo o Jidoka como um de seus pilares fundamentais.
Exemplos de Jidoka na prática
Você provavelmente já viu uma impressora parar o serviço porque, no meio da impressão, um dos cartuchos de tinta se esgotou ou algum componente apresentou mau funcionamento.
Nesse caso, o Jidoka é acompanhado de uma outra ferramenta, o Andon, termo nipônico usado para se referir a toda ferramenta visual de detecção de falhas.
Algo parecido acontece quando o Jidoka é implementado na indústria.
A imagem abaixo, extraída do site da Citisystems, ilustra bem como o Jidoka funciona na prática em uma linha de montagem industrial:
Imagem: Citisystems
Como implementar o Jidoka?
O grande trunfo do Jidoka está em sua proposta de aprender antes para fazer com qualidade depois.
Sua implementação depende da criação de mecanismos de controle que vão colocar todos na mesma página sobre o que se espera como resultado daquele fluxo de trabalho.
Basicamente, esse trabalho se desenvolve em duas vertentes: maquinário e recursos humanos.
Vamos ver como esse processo de implementação pode ser desenvolvido a seguir.
Automatize os equipamentos
No caso das máquinas, o gestor que implementa o Jidoka deve buscar dispositivos de automatização ou reestruturar suas linhas com máquinas equipadas para tal.
Na prática, isso significa garantir que os equipamentos tenham a capacidade de verificar e reconhecer possíveis desvios de qualidade em suas entregas, trabalhando no sentido de se autoinspecionar.
O uso da tecnologia aliada ao toque humano é a chave para o sucesso.
Treine as pessoas
Os trabalhadores no chão de fábrica têm um papel importantíssimo dentro do Jidoka, pois, afinal de contas, sem o “toque humano”, o Jidoka não estará completo.
Nesse sentido, os profissionais da empresa também precisam ter autonomia para consertar os erros verificados pelas máquinas de maneira a garantir o retorno ao funcionamento normal.
Defina rotinas de correção
O Jidoka não faria sentido se, após a detecção de uma falha, não houvesse uma ação no sentido de corrigi-la.
É preciso investigar os problemas verificados, refletindo sobre as possíveis causas que possam comprometer a qualidade das entregas.
Como vimos, saem na frente as empresas que já têm estruturadas rotinas de manutenção corretiva.
Vale, ainda, criar um modelo de Procedimento Operacional Padrão (POP), a ser acionado sempre que uma máquina Jidoka parar a produção.
Jidoka e Lean
Desde sua origem, o Jidoka tem se mostrado uma excelente ferramenta para garantir a qualidade nas entregas de uma indústria.
As suas contribuições para área são, inclusive, anteriores à própria difusão do conceito de qualidade como conhecemos hoje.
Décadas depois do primeiro uso do Jidoka, a criação do Lean Manufacturing veio para consolidar o uso das ferramentas de qualidade.
Afinal, uma das metas da Produção Enxuta é elevar a produtividade pela redução ou eliminação dos desperdícios.
Isso significa eliminar esperas, defeitos e erros o máximo possível, otimizando os recursos e o emprego da mão de obra.
Da mesma forma, o Jidoka tem como objetivo final reduzir os defeitos a zero, já que introduz o uso de sensores capazes de detectar erros automaticamente.
É uma forma de elevar a performance, já que uma consequência esperada é a liberação dos trabalhadores para outras atividades com maior potencial de gerar valor.
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Você terá a oportunidade de aprender na prática como utilizar o Jidoka e muitas outras ferramentas da qualidade.
Também vai aprender a utilizar a metodologia para desenvolver suas habilidades de liderança, dentro dos princípios enxutos de gestão.
Conclusão
Conhecido como um dos pilares do Lean Manufacturing, o Jidoka tem sido usado há mais de um século para garantir a produção automatizada e a qualidade.
Sua implementação pode servir também como impulso para estimular a melhoria contínua, já que, quanto mais frequentes são os erros, mais alerta a equipe ficará.
Assim, a tendência é para que essa frequência diminua.
Empresas que contam com especialistas em Lean Six Sigma estão alguns passos à frente para implementar o Jidoka com sucesso.
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