Comunicação Não-Violenta: O que você faz quando se sente atacado? Nossa tendência é nos colocarmos na defensiva e partirmos para o contra-ataque. No entanto, esse tipo de atitude gera muitos conflitos e, muitas vezes, não leva a lugar nenhum.
A questão é que vivemos em sociedade e não podemos fazer nada sozinho. De uma forma ou de outra, estamos sempre em um grupo: no colégio, na empresa, na política. Boa parte dos conflitos, porém, decorre mais da forma como expomos nossas ideias do que das ideias propriamente ditas.
A partir dessa percepção, o psicólogo norte-americano Marshall Rosenberg desenvolveu o conceito de Comunicação Não-Violenta, uma técnica que valoriza o fortalecimento de laços e a manutenção de um bom relacionamento.
Neste artigo, vamos ver com mais detalhes como funciona a Comunicação Não-Violenta, como ela surgiu, os benefícios que ela traz e como aplicá-la na sua empresa. Acompanhe!
O que é a Comunicação Não-Violenta?
Isso pode até soar clichê, mas a verdade é que o sucesso — ou fracasso — de qualquer empreitada depende muito mais das pessoas envolvidas no processo do que de qualquer outro fator, inclusive da tecnologia. Não adianta nada ter o sistema mais avançado se não houver uma equipe que trabalhe bem junta por trás dele.
Como dissemos, vale não apenas para as empresas, mas para qualquer ambiente de convivência, até uma família. É claro que no mundo dos negócios isso fica mais evidente. Existe uma frase atribuída ao cineasta e escritor Alejandro Jodorowsky que resume bem a questão: “entre o que eu penso, o que quero dizer, o que digo e o que você ouve, o que você quer ouvir e o que você acha que entendeu, há um abismo”.
Essas lacunas, muitas vezes, estão na raiz da agressividade na comunicação. Isso pode se manifestar de várias formas, como quando julgamos os outros, transferimos a culpa, discriminamos, não escutamos o que o outro tem a dizer, criticamos ou nos colocamos na defensiva.
A Comunicação Não-Violenta parte do princípio de que, mesmo que a mensagem esteja encoberta por todo tipo de agressividade ou ofensa, trata-se de uma tentativa de manifestar algo.
A questão é que o meio influencia o nosso comportamento. Assim, em um ambiente que estimula a competitividade, a dominação e a agressividade, tendemos a nos comportar violentamente. Por outro lado, tendemos a agir com generosidade em ambientes acolhedores e cooperativos. Essa é a base da Comunicação Não-Violenta.
Qual é a origem da Comunicação Não-Violenta?
A teoria da Comunicação Não-Violenta surgiu na década de 1960 e foi elaborada pelo psicólogo norte-americano Marshall Rosenberg. Ele era orientador educacional a atuava em instituições de ensino que tentavam pôr fim à segregação racial.
Para isso, ensinava técnicas de mediação e comunicação. Foi nesse contexto que elaborou o método da Comunicação Não-Violenta (CNV). O próprio autor afirma ter sofrido bullying na infância e crescido em uma atmosfera violenta, o que o levou a refletir sobre o que levava alguém a ser violento.
Quais são os benefícios da Comunicação Não-Violenta?
As técnicas da Comunicação Não-Violenta preparam a pessoa para fazer a escuta ativa do que o outro tem a dizer, respeitar a opinião e trazer algo complementar ou até oposto de forma pacífica.
Por exemplo, em um debate a respeito da criação de um novo produto, é comum que os profissionais tenham opiniões divergentes sobre o que deve ser feito. É nesse momento que a conversa pode se tornar difícil e até agressiva.
Quando existe um trabalho contínuo de Comunicação Não-Violenta, o debate se mantém respeitoso. Afinal, trata-se de um espaço para troca de conhecimento e compartilhamento de ideias complementares.
Agora, é preciso deixar claro que não se trata de concordar com tudo e não ter reação a nada. A ideia da CNV é mostrar que não é preciso insultar, gritar ou até agredir fisicamente para alcançar objetivos. É preciso ter resiliência e empatia ao mostrar o que você pensa.
Nas palavras do psicólogo, a CNV “começa por assumir que somos todos compassivos por natureza e que estratégias violentas — se verbais ou físicas — são aprendidas, ensinadas e apoiadas pela cultura dominante”.
Esse tipo de comportamento colabora para aumentar a produtividade e o nível de qualidade da entrega dos projetos, além de incentivar relacionamentos interpessoais saudáveis dentro do ambiente corporativo.
Como aplicar a comunicação não violenta?
Um dos princípios da CNV é exercitar a capacidade de se expressar sem julgamentos, sem classificações de “certo” e “errado” e sem buscar “vencer” um debate com o interlocutor e provar um ponto de vista. Muitas vezes, não ouvimos a opinião do outro para compreendê-la, mas apenas para podermos contra-argumentar, em um duelo sem fim.
Agora, vamos ver alguns exemplos práticos de como isso pode ser aplicado no trabalho.
Exercícios
A Comunicação Não-Violenta é uma técnica que pode — e deve — ser praticada. Veja alguns exercícios que podem ser feitos no seu cotidiano:
- não faça prejulgamentos sobre o que é “certo” ou “errado”;
- não se compare, nem compare os demais a outras pessoas;
- não use um tom acusatório;
- explique suas necessidades com clareza;
- questione internamente os rótulos colocados sobre você e quem o cerca;
- em um conflito, busque pontos em comum que você possa ter com as outras pessoas;
- coloque-se no lugar do outro;
- expresse seus pontos vulneráveis, caso se sinta confortável. Isso cria empatia e identificação;
- antes de falar, pense com calma e exercite sua empatia. Não responda acusações e agressões no mesmo tom.
Ambiente de trabalho
Nas organizações, a CNV é uma competência que deve ser trabalhada continuamente e que ajuda a desenvolver os colaboradores.
A comunicação não deve ser tratada como uma “competência isolada”. É preciso detectar gargalos, eliminar ruídos, minimizar as redes paralelas (a famosa “rádio peão”, a central de boatos, etc.), criar uma política contínua de feedback, entre outras ações. A ausência desse trabalho fragiliza outras dimensões na gestão de pessoas e na condução de processos: da liderança ao relacionamento em equipe, da visão estratégica ao atendimento ao cliente.
Todas as ações empreendidas dentro da empresa (com os colaboradores) e fora dela (com clientes, comunidade, mídia e acionistas) precisam de mensagens claras, eficientes e inteligentes, para que se validem e posicionem a cultura organizacional.
Assim, vimos que a Comunicação Não-Violenta não significa calar-se diante de ofensas e agressões, mas uma outra forma de lidar com conflitos. É uma técnica que busca um ambiente mais colaborativo e que tem como finalidade fazer com que as negociações avancem, em vez de ficarem emperradas pela discordância das opiniões e pontos de vista.
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