Assim como um time de futebol não faz bons jogos sem jogadores criativos no meio-campo, empresas não prosperam sem pessoas que pensem o negócio de forma estratégica, como o business partner (BP).
Você pode levar em conta a sua própria experiência para entender melhor o que isso significa.
Afinal, muitos de nós já passamos pela situação de desempenhar uma função que parecia desconectada do restante da empresa.
É para evitar essa percepção e suas consequências que o BP atua, entre outras atribuições.
Devido à enorme relevância para o sucesso de um negócio, esse profissional está cada vez mais valorizado.
Entender o que ele faz, seus desafios e como se qualificar é fundamental para trilhar uma carreira de sucesso na função de BP.
Se você quer saber mais sobre isso, continue lendo este artigo com atenção!
O que é business partner?
Durante muito tempo, a cultura corporativa das empresas foi pautada na especialização.
Assim, cada setor e profissional tinha uma tendência de se aprofundar em seu respectivo “quadrado”, sem se importar muito com o que os outros estavam fazendo.
Com o passar dos anos, esse mindset foi mudando, em grande parte por causa do dinamismo do ambiente empresarial.
É claro que profissionais especialistas continuam muito valorizados, mas é preciso saber trabalhar em conjunto com outras áreas da organização.
Percebendo esse movimento, o gestor em RH Dave Ulrich lançou em 1996 o livro “Human Resource Champions”, conhecido no Brasil como “Os campeões de Recursos Humanos”.
A proposta da obra é justamente apresentar soluções para diminuir ou eliminar o “vácuo” que existe entre os negócios e os setores de Recursos Humanos nas empresas.
Para isso, segundo Ulrich, é vital que existam lideranças capazes de conectar as pessoas aos objetivos das empresas, fazendo os esforços de todos convergirem para as metas de negócio.
Papel do business partner no RH
Segundo um relatório da Gartner (em inglês), o número total de habilidades necessárias para um único trabalho está aumentando em 6,3% ao ano.
Além disso, novas habilidades estão substituindo as antigas.
De acordo com o texto, 29% das habilidades que estavam presentes em um anúncio de emprego em 2018 se tornaram obsoletas até 2022.
Em um contexto de mudanças tão rápidas e profundas, é muito natural que os profissionais de RH tenham dificuldade de acompanhar.
Um dos papéis do BP no RH é precisamente evitar que isso aconteça.
O business partner, nesse contexto, age como um maestro, fazendo com que todos os membros da orquestra sigam as “partituras” determinadas pela empresa.
Qual a diferença entre consultor interno e business partner?
De forma direta, o termo business partner significa “parceiro de negócios”.
Como nem toda tradução literal funciona, no Brasil convencionou-se chamar esse profissional de “consultor interno”.
Embora seja uma nomenclatura diferente, na prática a função é a mesma.
Portanto, cabe ao BP (ou CI) fazer a ponte entre as lideranças da empresa, seus gestores, líderes e colaboradores em geral.
O que faz um business partner?
Além de ser um grande elo, facilitando a comunicação entre pessoas de ilhas diferentes, o BP é sobretudo um orientador estratégico.
Sua função principal é fazer com que as pessoas estejam permanentemente conectadas ao propósito da empresa, evitando assim que se formem os perigosos “silos”.
Tudo isso sem perder de vista os diversos desafios enfrentados pelas empresas hoje, entre os quais a promoção de ambientes inclusivos, o trabalho remoto e a gestão da inovação.
Em resumo: o BP é a pessoa que ajuda outras pessoas a enxergarem o real sentido para estarem em um emprego.
Ele amplia a visão dos colaboradores sobre o seu papel em um negócio, fazendo com que se sintam parte das conquistas da empresa.
10 atividades de business partner
A consultoria interna tem uma característica paradoxal: ela é uma carreira ao mesmo tempo altamente especializada e generalista.
Tanto é que, no Brasil, existem poucos cursos de formação específica para esse profissional, que em geral é egresso dos Recursos Humanos.
A especialização é exigida por causa das muitas habilidades e competências necessárias para exercê-la, como a facilidade de se comunicar e de trabalhar com dados.
Por sua vez, o perfil generalista é indispensável porque todo BP precisa ter uma visão ampla sobre negócios, de maneira que consiga articular as estratégias às pessoas e vice-versa.
Veja a seguir 10 atividades e atribuições essenciais nessa carreira.
1. Gerir pessoas junto ao RH
O maior patrimônio de uma empresa são as pessoas, você já deve ter lido ou escutado essa frase em algum lugar.
Diferentemente de máquinas, veículos, imóveis e utensílios, as pessoas pensam, sentem, reagem ou se tornam apáticas.
Para complicar um pouco mais, elas são totalmente únicas e cada uma tem uma maneira de ser, o que torna muito difícil estabelecer parâmetros de comportamento.
Partindo desse princípio, cabe ao BP atuar junto ao setor de RH, de modo que cada colaborador tenha seus anseios compreendidos e suas expectativas atendidas na medida do possível.
2. Alinhar as estratégias às pessoas
Outra expressão muito popular é dizer que alguém “só vai para a empresa bater ponto”.
Quando o colaborador se encontra nesse estágio, mais formalmente conhecido como “presenteísmo”, ele está na empresa, mas, por vários motivos diferentes, não vai produzir o que se espera.
Entre as muitas razões para esse problema, está a falta de conexão entre as pessoas e as metas da organização.
A relação de trabalho se torna similar a um casamento no qual as pessoas moram juntas, mas não têm um relacionamento de verdade.
Cabe ao BP “reatar” os laços perdidos e, além disso, trabalhar para estreitá-los ainda mais entre os empregados já comprometidos com a estratégia de negócios.
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3. Colaborar para a melhora do clima organizacional
Como destaca a consultoria Great Place To Work, as pessoas hoje são mais atraídas pela qualidade de vida oferecida do que pelo salário.
Um dos caminhos para isso é melhorar o clima organizacional, investindo, por exemplo, em pesquisas de opinião para servir como base para melhorias.
Essa é uma estratégia efetiva e que, segundo a pesquisa da GPTW, rendeu R$ 201 milhões às empresas que a adotaram.
Por outro lado, a definição do que é um bom clima organizacional é bastante fluida.
O que é aceito em uma empresa pode não ser em outra.
Portanto, identificar os fatores que levam à melhora do clima organizacional e implementar ações para isso é um dos papéis do BP.
4. Definir estratégias e processos para o uso de dados
Pode parecer que o consultor interno é somente um motivador, atuando no nível do relacionamento.
No entanto, seu papel é muito mais estratégico, já que uma de suas responsabilidades é definir rotinas e processos para usar dados para orientar decisões.
Dessa forma, o BP precisa ser um profissional “data driven” (orientado por dados) por excelência, baseando sempre suas decisões em informação e auxiliando outros gestores a fazer o mesmo.
5. Apoiar o processo decisório
Consultor interno não é apenas um “nome chique”.
Uma de suas principais atribuições é prestar consultoria aos líderes das empresas, apoiando e orientando suas decisões.
Trata-se de uma grande responsabilidade, uma vez que são essas decisões que levarão a empresa a alcançar seus objetivos (ou não).
Como vimos, para ter êxito nessa missão, o BP deve saber trabalhar com dados, de modo que possa apontar possibilidades com o mínimo de risco.
6. Elaborar relatórios de desempenho
Quem trabalha com dados espera por resultados.
Por sua vez, esses resultados devem ser avaliados pelos Indicadores-Chave de Performance (KPI), que vão revelar se eles são ou não satisfatórios.
Ao apresentar esses resultados com base nos KPIs, o BP precisa recorrer a relatórios de desempenho que sejam inteligíveis e, sobretudo, úteis para orientar decisões.
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7. Detectar gaps de capacitação
Ao acompanhar as rotinas dos colaboradores em uma empresa, o BP acaba por se tornar uma espécie de radar.
Ele passa a identificar com agilidade crescente os diferentes focos de melhoria, tanto na parte estratégica quanto na operacional.
Uma maneira de fazer isso é detectando eventuais gaps na formação e capacitação dos colaboradores.
Com isso, ele pode direcioná-los para programas de treinamento internos ou, se necessário, para realizar cursos externos.
8. Desenhar programas de melhoria contínua
Como vimos, o ambiente de negócios é cada vez mais dinâmico, exigindo das pessoas uma enorme capacidade de se adaptar a novos desafios.
Uma maneira de fazer isso é desenvolver na empresa programas de melhoria contínua, de forma que os colaboradores ganhem capacitação para dar respostas ágeis.
A filosofia Kaizen é a principal referência sobre o assunto.
Importada do Japão, ela prega justamente a necessidade de as empresas estarem em constante aperfeiçoamento.
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9. Auxiliar na implementação de novos projetos
Mudanças podem representar um desafio, considerando que nem sempre as pessoas estão dispostas a aceitar o novo.
Por ser um agente de integração, cabe ao BP ajudar as pessoas a assimilar novos projetos, fazendo com que elas entendam sua real necessidade.
Isso envolve, por um lado, a capacidade de se relacionar e, por outro, a de mostrar logicamente como as pessoas podem contribuir para que um projeto tenha sucesso.
10. Ajudar a encontrar e definir metas
Não basta apenas que os colaboradores se ajustem às metas da empresa.
Antes mesmo da definição destes objetivos, é preciso considerar uma série de fatores estratégicos e de ordem material, incluindo os recursos humanos.
Nesse sentido, o BP é o especialista mais indicado para municiar a alta direção com dados sobre as pessoas.
Ele pode sugerir mudanças na estratégia com base em eventuais limitações em termos de pessoal e de qualificação, indicando metas compatíveis.
Vantagens do business partner para empresas
Um dos maiores desafios das empresas não está apenas em atrair os melhores talentos, mas em criar condições para que eles continuem dando o seu melhor.
Em um mercado de trabalho muito mais dinâmico, no qual os profissionais permanecem, em média, dois anos em uma empresa, é preciso ser igualmente ágil na gestão de pessoas.
Nesse contexto altamente volátil, o BP se torna cada vez mais importante, já que é sua tarefa manter os talentos “conectados” ao propósito que levou as empresas a contratá-los.
Além disso, suas competências o tornam o profissional mais indicado para definir políticas de contratação, bem como os pré-requisitos para cargos em processos seletivos.
Qual a formação de um business partner?
Normalmente, o BP é um profissional com formação em Administração e bagagem no setor de Recursos Humanos.
De qualquer forma, não existe uma formação específica para esse especialista, que pode vir de áreas bastante heterogêneas.
Além da experiência profissional em RH, o futuro BP pode adquirir formação em cursos livres, alguns deles online, como o da Udemy.
Quanto ganha um business partner?
Veja abaixo a média salarial para um consultor interno, segundo os principais portais especializados:
Habilidades profissionais desejadas
Considerando as funções do BP e do seu vínculo com as rotinas dos setores de RH, é desejável que esse profissional tenha certas qualificações e habilidades específicas:
- Experiência com rotinas administrativas em RH
- Conhecimentos sobre legislação trabalhista
- Facilidade com tecnologia e softwares de gestão de dados
- Orientação para metas
- Domínio de ferramentas de Analytics
- Intimidade com as ferramentas digitais
- Fluência ou conhecimentos avançados em pelo menos um idioma estrangeiro.
Business partner e o uso da metodologia Lean
Quanto mais competências um profissional adquire, mais valorizado ele será, e essa verdade se aplica ao mercado de BP.
Para essa carreira, o domínio da metodologia Lean é um grande diferencial, uma vez que ela tem tudo a ver com os processos de gestão de pessoas e de negócios.
Isso porque, ao dominar os conceitos e práticas Lean, ele ganha uma capacidade acima da média para resolver problemas e propor soluções.
Seja qual for a empresa, tenha certeza de que, em boa parte delas, os conhecimentos na metodologia Lean serão uma exigência ou uma competência desejável.
Conclusão
Para ser um business partner de destaque no mercado, é essencial investir em formação.
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