Análise economica: Frigoríficos
Um dos assuntos que mais gostamos de discutir é análise de indicadores, em especial indicadores de empresas. É muito interessante utilizar as ferramentas de análise gráfica aprendidas nos nossos cursos de Green Belt e Black Belt para entender um pouco mais sobre o desempenho das empresas.
O artigo de hoje é o primeiro de uma série de três em que nós vamos analisar mais de perto, os números dos principais frigoríficos do Brasil. Para começarmos a série, vamos analisar os principais indicadores financeiros que constam nos balanços divulgados pelas companhias, dando ênfase para o nível de endividamento das empresas.
Muito se fala sobre o elevado nível de endividamento destas empresas, adquiridos após um período de forte consolidação do setor. Para começar, a figura 1 mostra a evolução da dívida, em milhões de reais, dos três maiores frigoríficos.
Figura 1: Evolução da dívida dos três maiores frigoríficos brasileiros.
Gráfico com a evolução anual da dívida
Pela figura 1, fica claro que a dívida está subindo anualmente e assim, o falatório e a forte pressão que os acionistas realizam sobre as ações das empresas tem fundamento. Mas, para melhorar esta análise, resolvemos criar um gráfico com a evolução anual da dívida, ou seja, a taxa pela qual a dívida aumenta anualmente. Para calcularmos este valor, dividimos a divida do ano atual pela dívida do ano anterior. Esta análise permite comparar a capacidade de gerenciar a dívida de cada uma das empresas, já que pela figura 1 ficou evidente que as dívidas são muito diferentes em termos de valor absoluto. Esta nova análise está disponível na figura 2.
Figura 2: taxa de evolução da dívida dos três maiores frigoríficos brasileiros.
Na figura 2 é possível verificar o quanto a dívida de cada empresa aumenta (se maior que 1) ou diminui (se menor que 1) a cada ano. Será que algo de especial está acontecendo? Para entender isto, nada melhor do que colocar estes pontos em gráficos de controle – fig. 3.
Figura 3: gráfico de controle da evolução da dívida dos três maiores frigoríficos brasileiros.
Causa especial
Pela análise da figura 3 é possível verificar que o gráfico não apontou nenhuma causa especial, porém, há dois pontos (um na JBS e outro no Minerva) que se aproximaram bastante do limite superior de controle. Analisando estes pontos, pode-se verificar que neste caso o aumento da dívida veio provavelmente de grandes aquisições que as empresas fizeram. Pelo gráfico, torna-se claro que a gestão da dívida é realmente o fator crucial para estas companhias, já que nenhuma delas apresentou uma tendência de redução da taxa de crescimento do endividamento. A empresa com a menor taxa média de aumento do endividamento é o Minerva, que aumentou sua dívida em 40% anualmente, frente a 56% do Marfrig e 54% do JBS. Dos três, o JBS é o que mais tem conseguido reduzir este indicador se olharmos apenas os últimos 3 anos.
Outro indicador para avaliar endividamento muito utilizado no mercado financeiro é a razão da Dívida Bruta pelo Patrimônio Líquido. A evolução destes indicadores pode ser observada na figura 4.
Figura 4: Evolução da Dívida Bruta/Patrimônio Líquido dos três maiores frigoríficos brasileiros.
Pela figura 4, a análise muda um pouco e a situação do Minerva (BEEF) e da Marfrig (MRFG) são as mais preocupantes, já que estas empresas estão devendo mais que o dobro do seu patrimônio e não estão conseguindo reverter este quadro, segundo o gráfico. Esta empresas já começara a colocar em prática estratégias de venda de ativos ou emissão de mais ações primárias, com o intuito de reduzir o endividamento. Vamos esperar o fechamento do balanço de 2012 para verificarmos se estas ações surtiram o efeito desejado.
O intuito deste post é somente informativo, visando mostrar que algumas ferramentas ensinadas nos cursos de Green Belt podem ser utilizadas para entender melhor as informações divulgadas no mercado.