A melhoria e os impostos
Começa mais um ano, 2014. Falando nisto, gostaria de começar o primeiro artigo do ano relatando um papo que tive com um grande amigo. O fim do ano é bom porque sempre acabamos revendo aquelas pessoas que gostamos, mas que a correria do dia a dia nos afasta. Mas vamos ao relato da conversa, que tem muito a ver com o que se espera para o grande 2014.
João é um grande amigo, empresário, nascido e criado no interior paulista (só mencionei porque ele tem muito orgulho disto) e que tem sempre sacadas interessantes sobre quase todos os assuntos.
João sabia tudo de sua fábrica e recitava os números e indicadores decor.
Em nossa conversa de fim de ano, João comentava da alta carga tributária que os empresários no Brasil têm de pagar. Ele falava fulo da vida que em ano de eleição, quem paga a festa é o empresário. Reclamava que 30% (segundo as contas dele) do seu faturamento iam para o ralo com impostos e assim, comentava comigo que era impossível prosperar. Como eu sou bastante provocador, em especial com meu amigo João, perguntei-lhe sobre o que pensava em fazer para melhorar sua rentabilidade. Ele disse que já estava articulando uma frente de colegas empresários para pressionar os políticos neste ano de eleição a reduzirem a carga tributária. Diante disto, concordei com a atitude, mas procurei provoca-lo ainda mais e perguntei: “será que não há nada mais a se fazer para melhorar a rentabilidade da empresa?”.
Ele pensou, pensou e disse que já tinha tentado outras coisas, mas que era muito difícil. Perguntei se ele fazia projetos de melhoria na empresa dele. Ele me respondeu falando que a empresa era muito pequena e que uma empresa com 300 funcionários não tinha tempo disponível para estas coisas, que era coisa de empresa grande. Como não é justo legislar em causa própria, desisti de argumentar com ele sobre as vantagens dos projetos de melhoria e resolvi mudar de estratégia: dei-lhe uma cópia do “Modelo de Melhoria”.
João é um leitor voraz.
Sua segunda paixão (depois da empresa, claro) é ler. Para instiga-lo ainda mais, pedi que lesse o Modelo de Melhoria e que depois, me procurasse para almoçarmos e conversarmos sobre o livro. Surpresa foi a minha quando 5 dias após presenteá-lo ele me ligou. Estava eufórico. Queria me contar sobre as três questões que havia estruturado para organizar um projeto com sua equipe. Disse que reconheceu sua empresa num dos casos do livro, que discutia o problema da baixa produtividade nas reuniões de uma construtora. Disse-me que não sabia como alguém tinha conseguido desenvolver um modelo tão simples e robusto para estruturar projetos de melhoria e que a partir de agora, gostaria que seus gerentes aprendessem a usar o método.
Rápido de conta, fez-me um desafio.
Queria melhorar a rentabilidade de sua empresa ao longo de 2014, mesmo sem depender de um corte de imposto e para isto, queria meu apoio. Como adoro este tipo de coisa, aceitei de pronto, mas coloquei uma condição: que eu pudesse relatar o dia a dia de um projeto de melhoria numa empresa de médio porte (eu discordo do João, para mim 300 funcionários não é pequena). Ele, meio relutante acabou aceitando e graças ao Joãozinho vocês irão participar do dia a dia de um projeto. E vamos que vamos, pois 2014 promete.