Fases em um Gráfico de Tendência
Em projetos de melhoria Green Belt ou Black Belt sabemos que precisamos realizar alguma mudança para que a melhoria aconteça, porém sabemos também que nem toda mudança que realizamos resulta em melhoria. Portanto, uma pergunta fundamental a ser respondida é: Como saber se a mudança que fizemos resultou em melhoria? Uma ferramenta básica e fundamental para responder essa pergunta é o Gráfico de Tendência.
Quando queremos melhorar algum aspecto de um processo, por exemplo, reduzir o tempo para realizar uma atividade ou reduzir a porcentagem de itens defeituosos produzidos, é importante coletar dados sobre o comportamento do indicador (tempo ou porcentagem) na situação atual por um certo período e colocar os dados em um Gráfico de Tendência para estabelecer o que é denominado a linha de base (a mediana dos dados). Conforme fazemos mudanças no processo, continuamos coletando dados do indicador e colocando os dados no Gráfico de Tendência para verificar se as mudanças estão gerando melhoria, ou seja, se estão impactando de forma positiva, relevante e duradoura o indicador.
Identificando fases em um gráfico de tendência
Em um Gráfico de Tendência é útil criar “fases” no gráfico para evidenciar os impactos produzidos. No exemplo abaixo o objetivo era reduzir o tempo de ciclo de uma atividade e uma mudança foi realizada entre a semana 7 e a 8. Claramente podemos verificar que a mudança produziu o efeito desejado.
Uma dúvida recorrente, principalmente em pessoas que estão iniciando a jornada da melhoria, é quando criar “fases” em um Gráfico de Tendência. Essa é uma pergunta sempre complicada principalmente quando estamos reagindo à posteriori, após “ver” os dados, ou seja, já temos dados do indicador que cobrem um período anterior às mudanças, o período em que mudanças foram realizadas e um período após a implementação das mudanças (fase de controle).
A situação ideal é a que denominamos “análise prospectiva”. Quando iniciamos um projeto coletamos dados do indicador de um período anterior (em geral em torno de 10 pontos é suficiente). Colocamos esses pontos em um Gráfico de Tendência e tentamos avaliar se não há evidência para rejeitar que o indicador estava estável no período (atenção para o detalhe: “se não há evidência para rejeitar” e não “se há evidência para aceitar” – é sútil). Se não há evidência para rejeitar que o indicador estava estável então traçamos a linha de base e a projetamos para o futuro. A partir de então começamos a colocar novos pontos no gráfico e anotamos mudanças que são realizadas no processo.
Se a regra de 7 ou mais pontos acima ou abaixo da linha de base é satisfeita, então criamos uma nova linha de base com esses novos pontos.
Se conseguimos associar a mudança de linha de base com alguma mudança realizada de forma intencional no processo, ótimo. Se não conseguimos associar a alteração na linha de base com alguma mudança realizada de forma intencional então devemos tentar identificar alguma mudança que foi feita, às vezes sem nosso conhecimento, que possa explicar esse impacto no indicador. E assim prosseguimos acompanhando o processo, alterando a linha de base quando o indicador mostra que algo mudou no processo que impactou o indicador.
Exemplo de como definir fases em um gráfico de tendência
No exemplo acima a sequência seria a seguinte:
- 1) Medimos o tempo de ciclo por sete semanas (antes de fazer mudanças no processo e construímos um Gráfico de Tendência com os dados. Não há indicação de que o indicador não esteja estável
- 2) Projetamos a linha de base
- 3) Coletamos pontos após a mudança e colocamos no Gráfico de Tendência
- 4) Após a mudança (realizada entre a sétima e a oitava semana) há sete pontos abaixo da linha de base. Então é o momento de alterar a linha de base. O valor 3 para o tempo de ciclo (mediana dos últimos sete pontos) é a nossa referência agora. Os dados mostram que a mudança foi uma melhoria.
No próximo post trataremos da situação mais comum que é quando temos que criar fases em um Gráfico de Tendência quando já temos os dados do período antes, durante e depois das mudanças (análise retrospectiva).
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Prof. Dr. Ademir José Petenate
Phd pela Iowa State University e professor do Departamento de Estatística da Unicamp desde 1974 e coordenador dos programas de Six Sigma da Unicamp e Escola EDTI.
Muito bom
Excelente literatura.
Muy ilustrativo. Muchas gracias!!
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