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O aprendizado e a melhoria

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O aprendizado e a melhoria

Uma das coisas mais gostosas de trabalhar com melhoria de processos é presenciar alguém da equipe “virando a chave”. Sabem o que é virar a chave? É uma expressão que se utiliza quando alguém começa a entender, respirar e sonhar com melhoria. É algo indescritível. Muita gente que trabalha com melhoria ou que faz cursos de Lean Six Sigma passa a vida toda e nunca vira a chave. Por mais modelos, templates, palestras, vídeos, livros e projetos, virar a chave ainda é um prazer que poucos experimentam.

Quando estamos aprendendo melhoria, assim como qualquer outro tópico, passamos por diversas fases. Meu mestre (PhD na verdade) no assunto foi o Prof. Ademir Petenate. Em todos os cursos e aulas que assisti com ele, o primeiro tema abordado era exatamente este: aprendizado. O Prof. Ademir diz que melhoria é como jogar tênis, não adianta imaginar que você irá fazer grandes projetos logo nas primeiras semanas após seu curso de Green Belt. Como o tênis, você precisa passar por um exaustivo processo de aprender a bater na bolinha antes de querer coloca-la em quadra. Depois, a briga torna-se colocar a bola dentro da quadra, não importando os efeitos e nem a força. Por último, aprende-se colocar a bola nos lugares que deseja (mais ou menos).

Assim, depois de um longo processo você está apto a começar a aprender como jogar.

Melhoria é a mesma coisa. O início da caminhada é penoso, repetitivo e difícil. Meter-se em qualquer projeto maior do que quatro meses sem o auxílio de um consultor ou de especialista nesta fase é pura loucura. Tentar utilizar todas as ferramentas que você viu no jogo (curso) é praticamente impossível e toda esta dificuldade acaba trazendo ansiedade. Se você não tem alguém que lhe ajude a entender que a ansiedade é normal e faz parte do aprendizado, acabará pirando, desistindo do assunto ou criando algumas regras na sua cabeça.

O mais comum é acabar criando o seu próprio método de melhoria, que quase nunca supera a técnica proposta e ensinada. Se você conseguir controlar a ansiedade e dedicar-se ao aprendizado de maneira séria, verá ainda no primeiro ano, sinais de evolução. É aí que a chave vira e as coisas começam fazer sentido na sua cabeça. O SIPOC se encaixa no DEFINE, se conecta com o contrato que tem tudo a ver com a árvore CTC.

O ânimo nesta fase começa a aumentar e depois de 1 ano, que você nem vê passar, já é possível entender perfeitamente que há um gráfico de controle para cada tipo de variável e que o gráfico de individuais não deve ser utilizado para distribuições não normais. Vai descobrir que o Box-Cox não é uma piração matemática e que se aplicado da maneira correta, vai lhe salvar quando você precisar transformar variáveis num projeto. Após mais algum tempo, DOE e Pareto Effects já estarão na sua memória ROM, na categoria altamente aplicável e não apenas naquele arquivo zipado Cursos e Informações que você não costuma acessar.

Após uns 3 a 4 anos, se bem tutorado e muito dedicado, você estará voando e nunca mais vai enxergar um balanço ou um DRE da mesma forma.

Candidato nenhum vai te enganar com aquele papo furado de comparar um ano contra o outro e uma meta será acompanhada sempre de um gráfico de controle. Nesta fase você começará entender que a mediana tem uma imensa valia e que a regressão linear é muito mais que somente o R². É caro leitor, regressões lineares têm resíduos e eles devem ser avaliados. Acredite. Você também aprenderá que cometeu inúmeros erros na faculdade e no trabalhando quando pediu para o Excel adicionar uma linha de tendência em dados cuja distribuição não fazia ideia e que a técnica de mínimos quadrados não deveria ser aplicada.

E por último, estará devorando livros que contam a história da Estatística e outras coisas relacionadas, divertindo-se muito com eles. Verá que muitas das ideias que você pensou já foram estudadas e provadas matematicamente. Pasmem, e sem computador! Verá que p-valor não tem um valor fixo para refutar hipóteses e que o 0,1 surgiu de um artigo publicado pelo Fisher para uma aplicação específica. Saberá quem foi o Fisher e até o Box.

Enfim, descobrirá que deveria ter aproveitado ainda mais aquelas aulas da graduação de Estatística e que finalmente, aprender melhoria ficou fácil e fazer projetos também. Porém, verá que o caminho a percorrer é enorme e o quanto ainda é fraco em muitos assuntos. Parabéns, pois quando chegar aí terá encontrado sua praia. Será um empresário, gerente, professor, artista que viverá o saber profundo na prática. Viva o Deming e viva o seu mestre. O meu é o Prof. Ademir, procure o seu e o agradeça. Ensinar é método, amor e habilidade.

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2 comentários em “O aprendizado e a melhoria”

  1. Virgílio,
    Não é confortável comentar um artigo em que se é citado, mas abro uma exceção. Gostei do que você escreveu. Essa é e continua sendo minha experiência. A cada dia, a cada aula, a cada projeto aprendo algo novo, “desaprendo” algo que percebo que não funciona.
    Ademir

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