A carta de controle é uma ferramenta básica e indispensável para toda empresa que almeja alcançar patamares mais altos de eficiência e melhorar seus processos.
Isso porque esse instrumento gráfico informa sobre o desvio padrão, um importante indicador estatístico, sobre o qual já falamos aqui no blog da EDTI.
Todo profissional da indústria deveria saber montar e interpretar uma carta de controle, que também pode ser utilizada em outros segmentos.
Esse conhecimento está ao seu alcance: continue lendo para saber mais!
O que é carta de controle?
Carta de controle é um instrumento estatístico usado para mostrar graficamente o quanto um indicador desvia do padrão considerado satisfatório.
O que vemos nela são três ou mais linhas horizontais, com a de cima representando o limite superior de controle (UCL), a de baixo o limite inferior de controle (LCL) e a do meio, a linha média.
As outras linhas são as áreas de desvio, indicando inconformidades.
Nesse caso, a linha média equivale ao padrão de qualidade estabelecido, enquanto o limite superior é igual ao valor da linha média mais 3 vezes o desvio padrão.
O mesmo se aplica ao limite inferior que, no caso, é o equivalente a menos 3 vezes o desvio padrão.
Para que serve a carta de controle?
Vamos imaginar que, em uma fábrica de autopeças, a linha média para o comprimento de uma parafuso é de 25 mm.
Portanto, esse será o valor atribuído para a linha média na carta de controle.
Só para ilustrar, consideremos o desvio padrão em 1,5.
Nesse caso, o limite superior de controle será fixado em 29,5 mm, enquanto o limite inferior será de -29,5 mm.
A partir disso, uma linha de produção poderá saber quantas peças fabricadas estão dentro do padrão estabelecido, bem como o número de parafusos fora das especificações.
Tendo esse conhecimento, é possível determinar quantas unidades estarão prontas para distribuição, assim como as que deverão seguir para a usinagem novamente e as que deverão ser descartadas.
Tipos de carta de controle
Existem muitos aspectos a avaliar ao aferir um padrão de qualidade: tamanho, dimensões, volume ou qualquer outro indicador pré-definido podem ser utilizados.
Isso faz com que as cartas variem, exibindo valores que podem ser interpretados de diferentes formas.
Por isso, sua leitura correta é feita seguindo a tabela com as 8 regras das cartas de controle, determinadas pela Norma ISO 8258.
Ela nos diz que um processo encontra-se fora de controle estatístico quando são observadas as seguintes condições:
- Um ponto qualquer fora dos limites de controle
- Nove pontos seguidos de um mesmo lado da linha central
- Seis pontos consecutivos para cima ou para baixo
- Catorze pontos subindo e/ou descendo alternadamente
- Dois de três pontos seguidos na zona A, do mesmo lado da linha central
- Quatro de cinco pontos consecutivos na zona B ou A, do mesmo lado da linha central
- Quinze pontos seguidos na zona C
- Oito pontos de ambos os lados da linha central, sem nenhum ponto na zona C.
Lembrando que a zona C é a soma das duas áreas superior e inferior juntas à linha média.
Se forem aplicadas as regras 1 e 2, o processo apresentará grandes mudanças em relação à média.
Caso se enquadrem nas regras 3 e 4, as mudanças serão pequenas.
Já a regra 5 expressa uma tendência e a 6 uma mistura, quanto a regra 7 revela uma estratificação e a oitava regra sinaliza que o processo está sob controle.
Veja então como aplicar essas informações dentro de cada um dos tipos de carta de controle.
Carta X-R
Amplamente empregada na indústria, é o tipo de carta usada quando a amostragem tem valores entre 2 e 9.
Ela é usada para medir a eficiência relativa, com R representando o estimador do desvio-padrão.
Nesse caso, quanto maior o subgrupo de amostragem, menor será a eficiência do estimador R, em uma relação inversamente proporcional.
Carta X-S
Em certos casos, pode ser que haja a necessidade de trabalhar com amostras maiores ou iguais a 10.
Para isso, utiliza-se uma versão otimizada da carta X-R, chamada de carta X-S.
Assim como na carta X-R, nesta a eficiência do desvio padrão é relativa, variando conforme a quantidade de subgrupos de amostragem.
No entanto, essa é uma carta pouco utilizada, já que amostras com 10 ou mais unidades são em geral inviáveis economicamente.
Carta X-Am
Para os subgrupos iguais a 1, trabalha-se com a chamada carta X-Am.
É um tipo de carta utilizada para medir pequenas variações, que não demandam acúmulo de dados por longos períodos de tempo.
Carta C
Existem também as chamadas cartas de controle por atributos que, como o termo indica, são usadas para medir a variação das características de uma amostra.
São mais úteis para o controle de qualidade porque expressam diretamente a quantidade de inconformidades e defeitos, bem como suas variações.
A Carta C, por exemplo, é usada para avaliar a quantidade de defeitos em apenas uma peça ou produto.
Seria o caso do número de falhas apresentadas por uma máquina em um dia de operação.
Carta U
A Carta U também mede a quantidade de defeitos, diferenciando-se pela quantidade de subgrupos de amostragem.
Ou seja, em vez de apenas uma, ela pode ser usada para analisar as ocorrências em duas peças.
Carta P
Já a Carta P não mede a quantidade de defeitos, mas a proporção em relação ao todo.
Logo, trata-se de um indicador em percentuais.
Seria o caso de um lote de peças em que X% delas, fabricadas em um mesmo dia, apresentem defeito.
Ou o percentual de itens de vestuário fabricados fora do tamanho padrão em uma hora de trabalho.
Carta NP
A Carta NP é usada quando se quer saber não só a quantidade de inconformidades, mas para enquadrar cada objeto de análise em aprovado ou reprovado.
Um exemplo disso seria uma indústria que deseja saber quantos de seus equipamentos estão ou não operacionais dentro de um certo período.
Nesse caso, toda máquina que não estiver ativa será tratada como peça defeituosa.
Como fazer uma carta de controle?
O primeiro passo para fazer uma carta de controle é contar com os dados.
Digamos que uma peça seja considerada defeituosa se uma de suas dimensões estiverem fora da linha média.
Assim, para saber quantas delas estão em conformidade, será preciso juntar os dados de produção periodicamente.
Com esses dados, insira na linha média o valor correspondente à medida ideal.
Acima e abaixo, marque as áreas de controle, fatiando o gráfico horizontalmente em até 6 zonas.
O sentido vertical deve ser usado para marcar a medida avaliada, enquanto o vertical sinaliza a peça/item em análise.
Tudo que escapar da UCL e da LCL poderá ser considerado fora do padrão, dependendo do tipo de gráfico utilizado.
Repare que a carta de controle é também um instrumento usado para medir a variação ao longo do tempo.
Assim, use as informações exibidas para tomar decisões e para saber se uma linha de produção está entregando aquilo que se espera.
Conclusão
O nome carta de controle não é por acaso.
Ela fornece um panorama abrangente sobre uma produção ou qualquer outro tipo de ocorrência sujeita a controle estatístico.
Gestores que sabem como montar esse instrumento são muito valorizados pelas empresas, principalmente do segmento industrial.
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