Empresas que investem na gestão Lean costumam ser as que desperdiçam menos recursos, o que é um grande passo para aumentar a lucratividade.
Só isso já seria motivo para implementar esse modelo gerencial, apontado como um dos fatores de sucesso para o desenvolvimento de países como o Japão e o surgimento dos Tigres Asiáticos, entre outros exemplos marcantes.
Se países inteiros obtiveram resultados acima da média com essa metodologia, só podemos concluir que ela é muito benéfica para as empresas.
Conheça neste artigo como funciona o sistema que ganhou a preferência das principais corporações e como se capacitar para aplicá-lo na carreira e nos negócios.
O que é gestão Lean?
Gestão Lean é o modelo de administração criado em resposta à metodologia Lean Manufacturing, a Manufatura Enxuta, que é uma das bases do sistema Toyotista de produção.
Afinal, toda empresa que se proponha a implementar os princípios Lean em suas atividades precisará adaptar também o seu modelo de gestão.
Nesse caso, a gestão Lean deverá ser referenciada nos seguintes princípios:
- Identificação de valor
- Mapeamento do fluxo de valor
- Criação de um fluxo de trabalho contínuo
- Estabelecimento de um sistema de produção puxada pela demanda (just in time)
- Implementação de uma cultura de melhoria contínua.
Quais as vantagens da gestão Lean?
Vamos recordar que a metodologia Lean surgiu em função da falta de recursos e da necessidade de desenvolver rapidamente um país devastado, no caso, o Japão no pós-guerra.
Ela foi criada em resposta a um contexto de crise, no qual o desperdício tornou-se o “inimigo” a ser combatido em vez das tropas aliadas.
Por isso, a vantagem principal da gestão Lean é orientar as decisões de uma empresa para a redução e erradicação dos focos de perdas em processos.
Mas a coisa não fica por aí, veja na sequência outros benefícios que esse modelo pode trazer.
Redução dos custos operacionais
Em Lean Manufacturing, a produção é pautada para atender a demandas previamente identificadas.
Dessa forma, uma empresa só deverá produzir aquilo que possa escoar imediatamente, evitando a todo custo o acúmulo de estoque.
A propósito, uma pesquisa publicada no site da empresa de logística Zebra (em inglês) revela que o custo anual estimado dos estoques para as empresas é de US$ 1,1 trilhão.
É quase o PIB do Brasil!
A gestão Lean é fundamental para reduzir os custos operacionais com o armazenamento de produtos, não só evitando que eles encalhem como as despesas geradas pela própria operação.
Mudança de mindset
O desperdício tem tudo a ver com a falta de uma cultura voltada para a racionalização dos recursos.
Reverter esse quadro pode levar tempo, demandando uma mudança de postura e mentalidade que deve começar pelos líderes de uma empresa.
Essa mudança requer um modelo de gestão que sirva de base e, nesse sentido, nada é mais indicado do que as práticas Lean.
Cria condições para a melhoria contínua
Administrar uma empresa segundo os preceitos enxutos de produção é uma tarefa que requer vigilância constante sobre os focos de desperdício.
Essa postura leva quase inevitavelmente a uma necessidade de aperfeiçoamento, ou seja, de melhoria contínua.
Não por acaso, as empresas que adotam o Lean Manufacturing ou a metodologia Lean Six Sigma seguem também os princípios Kaizen, como faz a Toyota e tantas outras em seus processos.
Dificulta as ações dos concorrentes
Uma empresa que está sempre melhorando dificilmente será copiada ou igualada pelos concorrentes.
Claro que isso envolve um grande esforço contínuo, mas, com o tempo, isso acaba se tornando parte do modus operandi e da própria cultura organizacional.
Bons exemplos disso são a Apple, com suas constantes inovações, e até a Coca-Cola – que, se não necessariamente melhora o produto, aprimora as embalagens, estratégias de pricing, marketing e outros aspectos.
4 exemplos de ferramentas de gestão Lean
Todo método de gestão exige o uso das técnicas e ferramentas adequadas, e com a Lean não é diferente.
Parte delas nasceu junto com o desenvolvimento da própria metodologia, o que só reforça a sua relevância para as empresas que planejam adotar o modelo Lean de gestão.
Conheça a seguir quatro delas e de que forma elas podem ser aplicadas no contexto dos negócios.
1. 5S
Lean Manufacturing não é só reduzir desperdícios.
Acima de tudo, essa é uma metodologia voltada para promover a qualidade total.
Para isso, um dos métodos que ajudam a tornar o ambiente de trabalho ideal para aumentar a produtividade é o 5S, no qual cada “S” representa:
| Tipo de “S” | Conceito | Objetivo |
| Utilização (Seiri) | Separação do necessário do supérfluo | Retirar do local de trabalho tudo não seja útil |
| Organização (Seiton) | Cada coisa deve estar em seu devido lugar | Organizar o espaço de trabalho, otimizando-o |
| Limpeza (Seiso) | Higiene e limpeza do ambiente de trabalho | Manter a limpeza, o asseio e a salubridade |
| Padronização (Seiketsu) | Estabelecimento de normas | Determinar regras para o bem comum |
| Disciplina (Shitsuke) | Todos colaboram | Estímulo para a melhoria contínua |
Quadro Kanban
O quadro Kanban é utilizado em empresas dos mais variados segmentos para organizar o andamento das tarefas e projetos.
É um gráfico simples, com três colunas lado a lado.
À esquerda, deve ser relacionado tudo que está por fazer.
No meio, ficam as atividades que estão sendo realizadas, e à direita, as tarefas concluídas.
Project Charter
Usado pelos especialistas em Lean Six Sigma, o project charter, também conhecido como Termo de Abertura do Projeto (TAP), é um documento usado para abrir um projeto dentro dessa metodologia.
Nele, devem constar os pontos indispensáveis a serem contemplados em um projeto, com destaque para:
- Requisitos
- Necessidades de negócio
- Cronograma de marcos
- Premissas
- Restrições
- Plano de negócio
- Retorno do Investimento (ROI).
DMAIC
A metodologia Lean Six Sigma toma como referência a ferramenta PDCA (Plan-Do-Check-Act), que consiste basicamente em avaliar um processo ou problema de forma cíclica para chegar a uma solução.
Dentro desse ciclo, cada etapa é esmiuçada por uma outra metodologia, a DMAIC, na qual:
- “D” de definir o problema
- “M” de mensurar
- “A” de analisar os dados
- “I” de “improve”, em inglês, ou seja, melhorar e otimizar
- “C” de controlar.
Como aplicar um modelo de gestão Lean?
A verdade é que muitas empresas não estão preparadas para adotar o modelo Lean de gestão.
Por isso, as que decidem abraçá-lo recorrem antes a um gradativo processo de mudança de cultura organizacional e de gestão das mudanças.
Isso porque a gestão Lean exorta as pessoas a sair da zona de conforto, o que para a maioria é um tremendo custo.
Então, para que isso aconteça, é necessário contar com líderes preparados para conduzir o processo de mudança, criando e mantendo a motivação necessária nas pessoas.
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Conclusão
A gestão Lean é o salto de qualidade que toda empresa pode dar a fim de eliminar desperdícios, aumentar a produtividade e se destacar no mercado.
Na indústria, comércio ou nos serviços, ela vem sendo usada com sucesso para obter resultados que, de outra forma, dificilmente seriam alcançados.
Para que isso seja uma realidade, é fundamental contar com pessoas preparadas.
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